O senador não assinou o Ato e não o aprova porque obteve da área jurídica do Senado parecer pela sua ilegalidade. Mesmo assim, a Mesa se dispõe a confirmá-lo, subtraindo o nome do reclamante da lista de assinantes.
A medida revoga outra, exatamente oposta, produzida no auge do escândalo dos atos secretos, para amortecer o impacto das denúncias que ameaçavam o mandato do presidente José Sarney (PMDB-AP).
Sem mais a assinatura fantasma, e à revelia da área jurídica, reabriu-se a licença para que as passagens sejam usadas no ano da campanha eleitoral. Um financiamento público de campanha à moda Sarney.
A medida consagra um sistema que historicamente estabeleceu o critério de crédito corrente para emissão dos bilhetes de parlamentares, o que tornava ininterrupto o saque.
Assim, o parlamentar tinha uma cota que só terminava com o seu mandato (às vezes, nem isso, levavam para casa o saldo).
Há até quem ainda encontre espaço para marketing pessoal, afirmando buscar a passagem mais barata, em favor do erário.
Nada mais falso: a economia obtida com a "austeridade" sempre foi em benefício próprio. Quanto mais barato voasse, de mais crédito o parlamentar dispunha.