De Requião nada surpreende - sua biografia não registra méritos políticos ou administrativos, só escândalos do gênero.
Sua gestão no governo do Paraná foi caracterizada por atos de nepotismo explícito, propaganda pessoal com estrutura pública e permanente clima de tensão com a imprensa.
Se vale do estilo do velho coronel da política, intimidatório e polêmico, uma estratégia para fugir aos questionamentos que recebe ao longo do exercício de mandatos.
Nesse momento, a fuga é ao tema de sua renda como ex-governador, uma aposentadoria precoce, que lhe garanteuma dupla remuneração pelo erário - no que, diga-se a bem da verdade, não está só.
Por isso mesmo, o silêncio dos colegas em relação ao seu comportamento.
O senador furtou um gravador, não há outro termo para qualificar seu ato. Devolveu-o, mas não o chip do qual se apropriou com as gravações de um profissional.
Deu publicidade a seu ato afastando qualquer possibilidade de arrependimento.
Um cidadão sem mandato e sem proteção parlamentar estaria preso numa situação análoga.
É mais inacreditável a mensagem que postou no twitter, pela prova que representa do ato pensado e reafirmado, fruto não de um rompante emocional (o que não o justificaria), mas de uma soberba que o faz sentir-se acima do bem e do mal.
Requião reflete o conceito que a maioria de políticos e autoridades têm da missão pública: não a de servir ao país, mas dele servir-se.
Como recentemente fez o deputado Pedro Novaes, (PDB-MA), que repassou à Câmara suas despesas num motel. Foi premiado com o ministério do Turismo.
Pior que ao invés de perder o respeito de seus pares, terá deles um temor reverencial - e, não é exagero dizer,a julgar por ontem - também físico.
Mas o respeito do eleitor e cidadão ele perde, assim como o parlamento vem perdendo há muito tempo.