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Renúncia de Maia a patrocínio oficial é confissão de culpa

Ou bem era uma missão oficial, ou o deputado Marco Maia (PT-SP) deve explicações mais convincentes do que as dadas ao anunciar que pagará suas despesas da viagem à Espanha.

Por João Bosco Rabello
Atualização:

Se havia uma missão oficial e o jogo entre Barcelona e Real Madri era uma feliz coincidência no caminho do grupo parlamentar, que incluía Romário, não faz sentido a renúncia ao direito de ser custeado pelo Tesouro, como anunciou o presidente da Câmara.

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A questão é que foi providenciada uma "missão oficial" para justificar a viagem paga pelo erário para uma tarde futebolística. Há mais de um elemento claro para essa afirmação.

O encontro de Maia com seu par na Espanha, Bono Martinez, aconteceria num domingo, dia 17, sinal evidente de uma agenda forçada imposta ao colega espanhol.

Na pauta de Maia, dois temas para constar: energia eólica e entrada de brasileiros na Espanha. Nenhum desses temas se encaixa numa agenda parlamentar, mas na do Executivo.

A menos que alguém imagine que Maia tem uma preocupação profunda com a energia eólica a ponto de não poder esperar uma data mais oportuna para tratá-la com os deputados espanhóis.

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Mas a viagem tinha de acontecer entre 14 e 17 porque o clássico que Romário sugeriu como programa é o real objetivo da viagem.

Uma pena que o Congresso não perceba - senão por virtude, por esperteza eleitoral, pelo menos -, que a deterioração gradativa da imagem dos políticos conspira a favor dos expedientes da chamada democracia direta - ou seja, aquela que dispensa intermediários.

Ou suas senhorias, os representantes eleitos.

Tudo isso favorece o clima plebiscitário tão ao gosto do chavismo, que diminui a importância do parlamento como fórum legítimo dos debates e decisões políticas.

O controverso projeto da Ficha Limpa, que tanto problema jurídico causou, é um sinal claro da impaciência e do descrédito da sociedade com o Congresso Nacional.

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