Randolfe, candidato de si mesmo

A candidatura alternativa do senador Randolfe Rodrigues (Psol-AP) à presidência do Senado, dá o tom pastelão que faltava ao teatro em que se movimentam, há tempos, oposição e governo naquela Casa. Neutralizada pelo acordo que extinguiu a CPI do Cachoeira, a oposição simplesmente passou a fazer olhar de paisagem para a recondução do senador Renan Calheiros (PMDB-AL) ao cargo.

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Por João Bosco Rabello
Atualização:

Nem a chamada ala independente do PMDB, na prática a dupla Jarbas Vasconcelos (PE) e Pedro Simon (RS) exibe qualquer disposição em relação ao assunto. Assim, pelo fastio geral, chegou-se a Randolfe Rodrigues. Melhor, ele chegou a si mesmo. Único de sua legenda na Casa, lançou-se sozinho e tem a candidatura contestada dentro da própria oposição.

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Protesto de motivação protocolar. Na verdade, candidaturas lançadas em circunstâncias que as tornam quixotescas beneficiam apenas os candidatos, geralmente de pouca ou nenhuma visibilidade, que passam a ter alguma. Não por acaso, disputam a condição Randolfe e o senador Pedro Taques (PDT-MT) - a diferenciar este último sua legenda, que o torna com maior trânsito entre os colegas.

E aqui chega-se a outra questão: como o Psol, que defende nos programas de seus candidatos a rejeição a alianças, poderia viabilizá-las no âmbito congressual? Nas campanha municipal recente, questionados sobre a viabilidade de governar sem alianças, os candidatos do Psol responderam que o fariam com o povo.

Assim, trata-se de uma candidatura faz-de-conta. A não ser por um acidente de percurso - no seu caso uma possibilidade que não deve ser considerada remota -, Renan Calheiros está homologado sucessor de Sarney.

Já Randolfe terá seus momentos nacionais, importante para sua imagem nas bases eleitorais e também para a biografia política.

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