A frase, proferida ano passado a uma platéia de sindicalistas, embutia, a um só tempo, duas avaliações: que Lula governava com indesejável independência do partido e que este voltaria a exercer seus interesses de forma plena depois de sua saída do poder.
É o que se materializa agora, com a velocíssima manobra que tirou de cena o candidato de Lula e da presidente Dilma, o senador Humberto Costa (PE), ungido por ambos depois de um esforço vão pela permanência no cargo de José Eduardo Dutra (SE). O próprio Lula foi ao palácio da Alvorada ponderar a Dilma que era melhor não enfrentar a maioria produzida pela ação do ex-chefe da Casa Civil.
O desfecho agrava o malabarismo que a presidente já vem fazendo desde a posse para mediar o conflito entre os dois principais partidos de sua base - o próprio PT e o PMDB -, engalfinhados numa disputa por cargos de segundo e terceiro escalão.
O PT redobra o ânimo para "enquadrar" Dilma e consolidar sua hegemonia na aliança, o que a torna mais dependente de Lula, dos partidos satélites da base governista, além do próprio PMDB.
E estimula os adesistas vocacionais em direção ao PSD, que espertamente se coloca como opção nova aberta a todos, já que " não é de centro, nem de esquerda e nem de direita". É uma espécie de PMDB alternativo.