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Os imensos desafios de Aécio e Dilma

O mês final de campanha reserva às candidaturas de Aécio Neves (PSDB) e Dilma Rousseff (PT, o desafio aparentemente difícil de sustar a onda de crescimento de Marina Silva (PSB), que torna imprevísivel até mesmo um segundo turno eleitoral.

Por João Bosco Rabello
Atualização:

Marina parece catapultada não só pelo seu patrimônio eleitoral já registrado no último pleito, mas também pelo desejo de mudança que a trouxe de forma inesperada ao protagonismo na disputa. Aumentou sua nusculatura com a conquista de votos adversários e dos grupos de indecisos, nulos e brancos.

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O dado mais revelador para Aécio Neves foi o da última pesquisa em que desce 5% pontos porcentuais, estacionando no patamar que antes dava como limite para seu rival na oposição, o ex-governador Eduardo Campos.

Para o candidato do PSDB essa queda é mais grave que da registrada pela presidente Dilma Rousseff, pois não tem o mesmo nível de rejeição da candidata governista e nem o desgaste natural do governo. Especialmente deste, que já contabiliza 12 anos no poder.

A análise interna do candidato tucano avalia que a queda pode ser indicativo de um sentimento do eleitor do PSDB de consolidar a derrota de Dilma já no primeiro turno. O problema é que nesse ímpeto, pode acabar de vez com as chances do tucano.

O desafio passa a ser o de mostrar que Dilma já está derrotada, o que o senador vem repetindo diariamente, como forma de chamar a atenção de seu eleitor tradicional para a necessidade de fazer o voto útil, levando-o ao segundo turno com Marina.

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Para tanto, é preciso que Dilma caia ainda mais, para um patamar de 25%, pelo menos, sinalizando para a possibilidade, hoje remota ou mesmo impossível, de um segundo turno entre PSDB e PSB. O tempo conspira contra essa meta, mas é no que resta ao PSDB apostar.

Já a presidente Dilma tem contra si a consolidação do quadro geralmente incontornável para candidatos à reeleição que partem de baixo índice de intenção de votos, alta rejeição e mau resultado na economia.

Essa dificuldade da presidente fica clara a cada dia, na medida em que seus adversários dão nitidez ao cenário econômico adverso em um contexto de rejeição também ao PT por pparte de seu eleitorado fiel em outros tempos.

Marina como que revive a imagem do PT genuíno, pré-poder, com propostas sociais e crítico ao comportamento dos partidos e ao sistema político vigente. As circunstâncias de sua ascensão a candidata a favoreceram com uma superexposição positiva e desequilibraram a disputa.

Dilma já terceirizou a tarefa de responder aos ataques da oposição no campo econômico, valendo-se de seu ministro da Fazenda, Guido Mantega, para defender o governo. Mantega tem no caos a autonomia que lhe foi negada na bonança.

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Esse movimento dá bem a medida da dificuldade do governo em produzir um discurso propositivo: há 12 anos no comando do país, o PT não convence quando tenta a comparação com o governo tucano e nem quando promete melhoras.

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No primeiro caso, tem contra si o tempo de governo e no segundo, uma estratégia que remete ao passado, cada vez mais distante. A alternativa de implantar o medo em relação à inexperiência de Marina Silva também não vinga.

Com relação ao PSDB, a tática do medo também é inútil, por se resumir a uma suposta recessão como efeito colateral de medidas de ajuste adiadas pelo governo para 2015. O problema é que a recessão chegou antes da eleição, o que a identifica com esse governo.

Chega a ser constrangedor assistir o ministro da Fazenda afirmar , dia sim, dia não, que a economia está sólida, que o país está próspero a ponto de emprestar dinheiro e que teme uma recessão em caso de derrota da presidente Dilma.

 Os ventos embalam Marina e , a menos que o imponderável permaneça em cena, pode-se considerá-la no segundo turno. Ao PSDB e governo resta lutar pelo segundo lugar em patamar competitivo.

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