Nomeação de Braga é derrota de Renan junto ao Planalto

A presidente Dilma Rousseff identificou no líder do PMDB, Renan Calheiros (AL), o mentor intelectual de sua derrota no Senado com a não recondução de Bernardo Figueiredo ao comando da ANTT na semana passada. Por isso, a nomeação de Eduardo Braga (PMDB-AM) para o cargo de líder do governo no Senado, no lugar de Romero Jucá (PMDB-RR), atinge Renan duplamente: fortalece o seu desafeto na bancada e reduz suas chances de voltar à presidência do Senado no ano que vem.

PUBLICIDADE

Por João Bosco Rabello
Atualização:

Não vale o discurso de que a escolha de Eduardo Braga é uma tentativa do Planalto de "unificar" a bancada do PMDB no Senado, onde um grupo de oito senadores que se autoproclamam "independentes" - o chamado G8 - questionam a liderança de Renan. Na verdade, a nomeação de Braga cristaliza essa divisão, fortalecendo o grupo encabeçado pelo amazonense e, de outro lado, reduzindo o poder de fogo do triunvirato formado por Renan, Jucá e pelo presidente José Sarney (PMDB-AP).

PUBLICIDADE

Braga firmou-se como o principal adversário de Renan na bancada. Em dezembro, reuniu o G8 em um almoço a fim de somar forças para convocar uma eleição para eleger o novo líder do PMDB no início deste ano. O objetivo era abreviar o mandato de Renan Calheiros, eleito em 2010 para conduzir a bancada pelos próximos dois anos. No entanto, Renan abortou a rebelião com o apoio da maioria da bancada de 18 senadores.

Ligado a Dilma e ao ex-presidente Lula, Braga havia sido cotado para compor o ministério no início do governo. O Planalto ofereceu-lhe o Ministério da Previdência Social, mas ele achou pouco. Cobiçava o Ministério dos Transportes, que havia sido ocupado por seu desafeto político no Estado, o senador Alfredo Nascimento (AM), presidente do PR.

Depois de eleita, e ainda durante o governo de transição, Dilma já havia demonstrado o seu apreço por Braga. Ela pediu ao presidente José Sarney que ele intercedesse junto à administração do Senado em favor de Braga, numa disputa por imóvel funcional com o senador Demóstenes Torres (DEM-GO).

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.