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Líderes tentam retardar instalação da CPI

Após a reação negativa da presidente Dilma Rousseff à CPI do Cachoeira, ganham visibilidade iniciativas parlamentares para, ao menos, ganhar tempo e tentar exercer algum controle sobre o processo. Um desses movimentos será tentado amanhã pelo presidente do Conselho de Ética do Senado, Antônio Carlos Valadares (PSB-SE), que vai insistir junto ao Supremo Tribunal Federal (STF) para que envie cópia da investigação da Polícia Federal - a Monte Carlo - ao colegiado.

Por João Bosco Rabello
Atualização:

O relator do caso, ministro Ricardo Lewandovski, já rejeitou pedido idêntico feito pelo corregedor do Senado, Vital do Rêgo Filho (PMDB-PB). A rejeição foi interpretada pelo líder do PT, Walter Pinheiro (BA), como motivo primordial para criação da CPI.

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A ideia de Vital, Valadares e do relator do processo contra o senador Demóstenes Torres (GO) no Conselho de Ética, Humberto Costa (PT-PE), é invocar um precedente no caso do ex-senador Luiz Otávio (PMDB-PA) para que Lewandowski reconsidere a negativa de envio dos documentos ao Senado. Segundo Vital, naquele episódio, o Supremo autorizou o envio de cópia do processo contra o ex-senador ao Conselho de Ética da Casa.

O afastamento de Sarney

Há ainda a leitura de que a súbita internação do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), e o prazo necessário para seu restabelecimento contribuam para retardar a criação da CPI. Sarney se recupera de uma cirurgia cardíaca no Hospital Sírio Libanês em São Paulo.

Pelo regimento interno, cabe a ele, na qualidade de presidente do Congresso, convocar uma sessão conjunta das duas Casas para fazer a leitura do requerimento de criação da CPI. Tecnicamente, a sessão conjunta pode ser convocada pela vice-presidente da Câmara, Rose de Freitas (PMDB-ES). Mas politicamente é uma hipótese remota.

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Desde as primeiras costuras para instalação da CPI, Sarney se impôs como principal articulador do processo. Ele comandou de seu gabinete, na semana passada, as primeiras reuniões sobre o assunto, após pressão do líder do PT, Walter Pinheiro. Depois acertou a instalação da comissão com o presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS).

Na última terça-feira (10), a pressão pela CPI foi tamanha que Sarney chegou a se sentir mal. Seu estado febril impediu que comparecesse ao jantar de aniversário do PMDB, programado para aquela noite. A criação da CPI foi o principal assunto da comemoração, deixando peemedebistas em estado de alerta.

 

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