O relator do caso, ministro Ricardo Lewandovski, já rejeitou pedido idêntico feito pelo corregedor do Senado, Vital do Rêgo Filho (PMDB-PB). A rejeição foi interpretada pelo líder do PT, Walter Pinheiro (BA), como motivo primordial para criação da CPI.
A ideia de Vital, Valadares e do relator do processo contra o senador Demóstenes Torres (GO) no Conselho de Ética, Humberto Costa (PT-PE), é invocar um precedente no caso do ex-senador Luiz Otávio (PMDB-PA) para que Lewandowski reconsidere a negativa de envio dos documentos ao Senado. Segundo Vital, naquele episódio, o Supremo autorizou o envio de cópia do processo contra o ex-senador ao Conselho de Ética da Casa.
O afastamento de Sarney
Há ainda a leitura de que a súbita internação do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), e o prazo necessário para seu restabelecimento contribuam para retardar a criação da CPI. Sarney se recupera de uma cirurgia cardíaca no Hospital Sírio Libanês em São Paulo.
Pelo regimento interno, cabe a ele, na qualidade de presidente do Congresso, convocar uma sessão conjunta das duas Casas para fazer a leitura do requerimento de criação da CPI. Tecnicamente, a sessão conjunta pode ser convocada pela vice-presidente da Câmara, Rose de Freitas (PMDB-ES). Mas politicamente é uma hipótese remota.
Desde as primeiras costuras para instalação da CPI, Sarney se impôs como principal articulador do processo. Ele comandou de seu gabinete, na semana passada, as primeiras reuniões sobre o assunto, após pressão do líder do PT, Walter Pinheiro. Depois acertou a instalação da comissão com o presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS).
Na última terça-feira (10), a pressão pela CPI foi tamanha que Sarney chegou a se sentir mal. Seu estado febril impediu que comparecesse ao jantar de aniversário do PMDB, programado para aquela noite. A criação da CPI foi o principal assunto da comemoração, deixando peemedebistas em estado de alerta.