Chega a ser desrespeitosa a proposta do governador José Roberto Arruda, de manter até o último dia do seu mandato a licença que tirou a caminho da prisão, em troca da liberdade.
Não faz sentido, em primeiro lugar, porque sua licença o Judiciário já tem. O resto é promessa, que não é uma moeda de troca plausível.
Em segundo lugar, porque continuaria dono do mandato, ao qual poderia voltar quando bem o desejasse. Para quem já teve duas chances na vida e jogou fora, uma terceira seria demais.
Arruda só tem chance de ser posto em liberdade caso se disponha a negociar em termos respeitosos o seu alvará de soltura. No mínimo, a renúncia.
No máximo, a colaboração com a Justiça , que tentou obstruir subornando testemunhas.
É o que propõe, inclusive, o deputado Miro Teixeira (PDT-RJ), para quem Arruda poderia prestar um serviço ao País se contar o que sabe.
Miro acha que um gesto nessa direção resgataria parte dos erros cometidos pelo governador e mereceria até uma espécie de anistia política pela via popular.
Desde que contasse o esquema em toda a sua extensão, incluindo as cúpulas partidárias que dele teriam se beneficiado.
"Há uma enorme cumplicidade em torno dele, mas quem está na cadeia é ele. Por isso, ele deveria refletir e prestar esse serviço ao país", diz Miro.