Indefinição do PSDB favorece avanço de Campos

Deve ser preocupante para o PSDB a informação de que o PPS está a um passo de uma aliança com o PSB, pela antecipação que o fato, se confirmado, representará na previsível disputa entre o governador de Pernambuco, Eduardo Campos e o senador tucano, Aécio Neves (MG), pelal liderança eleitoral no campo da oposição.

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Por João Bosco Rabello
Atualização:

A possibilidade, que alguns dão como certeza supostamente transmitida ao governador, dá mais nitidez também à vulnerabilidade do PSDB ditada pela indefinição do candidato oficial do partido. As últimas semanas demonstraram claramente que o acerto interno que pôs fim à ameaça do ex-governador José Serra de deixar o partido, antes de meramente protocolar, passa pela admissão de sua candidatura.

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O que devolve o conflito do partido à estaca zero. Se para Campos, a zona de incerteza que passou a existir em relação à sua candidatura desde a filiação da ex-ministra Marina Silva, é suspense que ajuda a ampliar a sua visibilidade, para Aécio é perda de tempo precioso numa fase da campanha em que dividir a vitrine com um possível candidato com recall maior que o seu, os torna rivais e não parceiros.

É um círculo vicioso: se não há clareza quanto ao candidato, não haverá retorno claro também dos potenciais adeptos da candidatura, o que ocorre nesse momento com o PSB. A diferença é que o PSB ganhou fôlego com a chegada de Marina e o suspense sobre a candidatura tem vida curta. Enquanto dura, ajuda a manter o partido em cena. No caso do PSDB, é disputa que já passou do ponto de saturação, desde a campanha anterior.

A dúvida recorrente sobre Aécio é quanto à sua determinação em ser candidato, decorrente de uma oposição considerada ainda tímida demais, e que a existência de dois possíveis candidatos agrava. Trocando em miúdos, ceder à pressão de Serra transmitiu a dúvida quanto à sustentação da candidatura pelo senador.

Campos vai disputar votos tanto no segmento eleitoral de Aécio quanto no de Dilma Rousseff, o que já levou à intensificação da campanha aberta da presidente - agora, escancarada. Mas o PSDB, ao contrário, parece imobilizado pelo conflito interno. É o que leva Aécio a fazer chegar ao governador paulista Geraldo Alckmin sua urgência por uma demonstração de apoio explícito, porque o PSB também já está batendo à porta do governador para ser seu vice.

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O PSB já tem participação no governo de Alckmin, o que torna natural seu assédio pela formação de uma chapa estadual pleiteada pelo presidente do partido no Estado, Márcio França. O governador Eduardo Campos já voltou a jogar pontes para o segmento do agronegócio estimulado pela ausência de um sinal mais nítido de aproximação do DEM com o senador tucano.

Campos não considera perdido o apoio do setor depois do chega pra lá de Marina Silva no deputado Ronaldo Caiado (DEM-GO), uma das lideranças ruralistas. Já emitiu sinais ao deputado que podem não sugerir nada por enquanto, mas que pode ter efeito retardado quando Campos assumir a cabeça da chapa com Marina de vice. Na política, casos como o de Marina versus Caiado, são comuns, assim como as composições também.

Essa área, protagonizada pelo DEM, já tinha seu apoio a Aécio considerado certo, mas a abordagem do governador a expressões do agronegócio como o ex-ministro, Roberto Rodrigues, pode avançar na direção de um apoio mais consistente. Afinal, conforme o vazamento do encontro de ambos, Campos saiu com o recado de que o apoio dependerá do nome do cabeça de chapam - se ele ou Marina.

Ou seja, se Marina candidata pode representar perda de votos para Campos no segmento eleitoral de Aécio, o contrário, Campos candidato, pode tirar votos do senador em seu eleitorado. É o que fica claro da resposta de Rodrigues ao governador, ainda que a tenha restringido ao seu universo.

 

 

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