Ainda mais porque há brechas para que o governo justifique o não pagamento das emendas em determinadas circunstâncias. O mais importante, porém, é que o governo saiu fortalecido com o volume de recursos que entrará no orçamento da Saúde e dele poderá fazer uso na campanha. Principalmente porque também contará com recursos imediatos do percentual dos royalties de petróleo que já é extraído da camada do pré-sal, calculado em R$ 3 bilhões a serem somados ao setor.
O governo trabalhou mal a comunicação nesse campo, segundo um líder da base, porque pôs um foco grande nos números do leilão de Libra - que é verba futura -, em detrimento da verba imediata que já começa a entrar para a Saúde em 2014. Divulgou bem o orçamento futuro e escondeu o que já pode ser sacado na boca-do-caixa. Consta mesmo que a presidente Dilma Rousseff também acusou o problema.
A falha torna-se mais nociva por deixar de servir como contraponto importante à agenda negativa imposta pelos resultados ruins da economia, que obriga o governo a ocupar todos os espaços possíveis para neutralizar a exploração política da oposição com a campanha já em curso, ainda que informalmente. Pode se esperar para os próximos dias que o governo trabalhe mais a visibilidade desse ponto.
O orçamento impositivo aprovado pela Câmara, no clima de independência criado pelo presidente da Casa, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), que fez do tema bandeira de sua gestão, não passaria pelo Senado. Lá, nem a oposição estaria unida pela proposta, como ficou claro na reação do senador Aloysio Nunes (PSDB-SP), que chegou a tentar obstruir sua tramitação no âmbito da comissão.
O governo só deu curso ao projeto no Senado depois de convencido pelo líder Eduardo Braga (PMDB-AM), de que poderia fazer do limão uma limonada, revertendo a seu favor a iniciativa de Alves. Teve sinal verde da presidente Dilma para avançar nessa direção e conseguiu fazer do projeto uma peça importante para o Executivo.