Cardozo desmente reunião com UTC

O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, disse a este blog que nunca manteve reunião formal com advogados da UTC, do empresário Ricardo Pessoa, menos ainda tratou da delação premiada ou de qualquer aspecto da operação Lava Jato.

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Por João Bosco Rabello
Atualização:

Cardozo  explica que a única reunião que teve foi com representantes da Odebrecht, agendada formalmente a pedido da área jurídica da empresa.  Em pauta, segundo o ministro, dois aspectos das investigações. O primeiro, quanto à tramitação legal dos pedidos de informações e documentos a países sedes de bancos depositários de recursos ilegais lá depositados.

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O segundo, quanto à queixa dos representantes da empresa de pouco ou nenhum empenho da Polícia Federal na apuração dos vazamentos de depoimentos feitos sob o sigilo de justiça. Em ambos os casos disse o ministro ter  adotado a cautela de informar aos interlocutores que receberia seus relatos com os "rigores formais".

Segundo Cardozo, esse rigor resultou na elaboração de duas representações - uma encaminhada ao Ministério Público para esclarecimentos sobre a tramitação dos pedidos de colaboração com outros países; outra para ele mesmo sobre a suposta negligência da PF na apuração dos vazamentos.

Cardozo deu essas explicações a propósito de nota publicada aqui a respeito de informação atribuída pela revista Veja ao empresário Ricardo Pessoa, segundo a qual ele teria tomado a iniciativa de sugerir aos advogados da UTC que evitassem a delação premiada do empresário.

Essa informação inverte a iniciativa da suposta conversa em que o ministro teria desaconselhado a delação premiada pela qual se inclina o empresário e que produziu pressões sobre o PT, o ex-presidente Lula e sobre o governo.

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O ministro diz que, desde as primeiras notícias sobre a reunião com a Odebrecht existe uma "confusão fática"  - formal e de conteúdo. Segundo ele, não houve duas reuniões, mas apenas uma - com a Odebrecht e a pedido dela, onde se tratou dos temas já mencionados.

Ainda de acordo com o ministro, um  rápido encontro na sua antessala com o advogado Sérgio Renault produziu a versão de uma reunião formal para tratar da operação Lava Jato, na qual, teria desaconselhado a delação premiada do cliente de seu interlocutor. "Na versão da revista, Pessoa vai de encontro a uma reunião que eu afirmo nunca ter existido", disse o ministro.

Cardozo reafirmou que deixou sua sala com o advogado Sigmaringa Seixas e teve brevíssimo contato com Renault, em que nem caberia, pelo tempo e circunstância, a abordagem da investigação.  Renault, segundo o ministro, aguardava Sigmaringa para um almoço previamente combinado.

Fica o registro do esclarecimento de Cardozo, provocado por nota anterior deste blog.

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