Pois é. De promessas estamos cansados. Parece tradição. Mas e quando o político se volta contra o terreiro? Em 2010 o candidato eleito ao governo da Paraíba, Ricardo Coutinho (PSB), teve seu nome envolvido em "denúncias" de que é adepto das religiões negras do Brasil. Qual o problema? Para os acusadores isso seria uma forma de denegri-lo. Mas não existe liberdade de fé nesse país? Claro que sim, mas há também preconceito de sobra. Infelizmente. Preconceitos que em 2011, acusam adeptos da Umbanda, fizeram com que a prefeitura paraibana de Sapé fechasse o terreiro Sete Flechas, de Pai Ivanildo. Incomodado com os batuques, segundo o Blog do Silvano Silva, o vice-prefeito Melcíades José de Brito (PC do B) comandou a interdição alegando falta de alvará e CNPJ. Já imaginou se todas as igrejas, a despeito da crença, fossem questionadas por isso? Em São Gonçalo, Rio de Janeiro, no mesmo ano de 2011, pelo menos dois outros centros foram fechados pela prefeita. De acordo com seus responsáveis, em matéria do jornal Extra, anos de tradição desmoronaram. Detalhe: uma das casas era considerada o local onde a Umbanda foi fundada faz mais de um século. A história dessa típica religião brasileira teria sido destruída? Difícil dizer, mas o fato é que a prefeitura alegou que ali seria construída uma vila olímpica com dinheiro federal.
A despeito do que foi feito dos locais, o fato é que em 2012, Adolpho Konder (PDT) foi apoiado em São Gonçalo pela prefeita Aparecida Panisset (PDT) e não foi eleito. Em Sapé, o vice prefeito foi candidato e por lá a sova que tomou nas urnas foi digna da ira das entidades: teve quase vinte vezes menos votos que o vencedor. O guia da canção de Bezerra da Silva, incorporado, teria mandado novos recados? Pode ser, mas se formos crer nessa energia a chance de medalha dos atletas da vila olímpica de Panisset se reduz expressivamente. O melhor, nesse caso, é crer que nossa lei é bem clara: o respeito às diferentes religiões, a plena liberdade de crença, é mais sagrado do que qualquer interpretação fantástica que possamos fazer. Nisso nós podemos e devemos acreditar sempre. No mais: cada um crê no que de fato crê!