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Crônicas sobre política municipal. Cultura brasileira local sob olhar provocativo | Colaboradores: Eder Brito, Camila Tuchlinski, Marcos Silveira e Patricia Tavares.

Vereador não quer "sujar roupa" e propõe lei contra cinto de segurança

Por Camila Tuchlinski
Atualização:

De todas as leis municipais ou dos projetos de lei que já vi, pelo menos até agora, esse é o mais bizarro. Para não dizer irresponsável! Um vereador da cidade de Várzea Grande, próximo a Cuiabá, pretende apresentar uma proposta que torna opcional o uso de cinto de segurança para motoristas e passageiros. De volta aos anos 80? João Madureira, do PSC, fez o anúncio em sessão extraordinária na Câmara Municipal da cidade. Aí você pensa, bom, talvez o parlamentar tenha um excelente argumento para sugerir tal projeto. Para o vereador, o equipamento suja a roupa e a falta do uso do dispositivo gera muitas multas à população, "que já paga muitos impostos". O vereador do PSC alega que está atendendo ao "clamor do povo", que exige o uso facultativo do equipamento. Após a polêmica, Madureira disse que pretende ouvir todos os moradores da região para debater o assunto. Segundo ele, o legislador propõe o projeto de acordo com a necessidade da população. A necessidade de não sujar a roupa com o cinto de segurança do carro? Conforme o Código de Trânsito Brasileiro, o uso do cinto de segurança é obrigatório para os motoristas e passageiros em todo o território nacional. Sem nenhuma noção do significado da palavra ditadura, Madureira é taxativo: "Para mim, isso é ditadura. O cidadão já tem que pagar a prestação do carro, pagar o IPVA e ainda tem que pagar multa? Não é justo, é um abuso". O parlamentar considera abusiva a quantidade de multas aplicadas por agentes de trânsito às pessoas que desobedecem a lei. Afinal de contas, pra quê obedecer as leis, não é mesmo... Em Cuiabá, cidade vizinha, a velocidade chega a 40km/h em algumas vias. Com a existência de radares, diminuiu o número de acidentes. Não há radares em Várzea Grande. Mesmo assim, o vereador usa estatísticas do município ao lado para justificar seu projeto. Além desses argumentos, Madureira também defendeu a não obrigatoriedade do cinto por uma questão de aparência. "Suja a roupa, e não sou eu que estou dizendo isso. Imagina um jaleco, uma roupa branca? Fica toda suja". A curiosidade é que o vereador é formado em Direito. Ele tem a esperança de encontrar uma brecha na lei, que é federal, para derrubar a obrigatoriedade do cinto de segurança para os motoristas e passageiros. "Não sou analfabeto, sou acadêmico de Direito. Não iria propor algo sem saber que se trata de uma lei maior", declarou. Aposto que a cidade de Várzea Grande já tem de tudo e não precisa de uma saúde de qualidade, creche para as crianças, etc, etc...

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