PUBLICIDADE

Foto do(a) blog

Crônicas sobre política municipal. Cultura brasileira local sob olhar provocativo | Colaboradores: Eder Brito, Camila Tuchlinski, Marcos Silveira e Patricia Tavares.

Sarney e o Amapá do Maranhão

Foto do author Redação
Por Redação
Atualização:

Por Eder Brito

PUBLICIDADE

Enquanto outro corpo é encontrado no presídio de Pedrinhas e detentos são transferidos para prisões federais, o país volta as atenções para o Maranhão. E sempre parece impossível não associar o nome do estado ao da família Sarney, clã que governa o território e influencia as decisões políticas de vários municípios da região. Tão complexo quanto tentar entender os atuais desafios da segurança pública por lá é a tarefa de assimilar o histórico de José de Ribamar Ferreira de Araújo Costa, ou simplesmente José Sarney, o pai, ex-presidente da República e Senador eleito... pelo Amapá.

Em 1990, José Sarney transferiu seu domicílio eleitoral para o recém-criado estado da região norte. Ainda que todo o poderio midiático e capital político da família continuassem no Maranhão, Sarney parece ter visto no estado a possibilidade de continuar participando e influenciando a vida política do país a partir de outra região. Em 2006 foi eleito Senador pela terceira vez.

Também por isso, parece piada pronta o fato de que exista um município batizado de Amapá do Maranhão. Localizada no oeste do estado, mais de duzentos quilômetros distante da capital São Luís, a cidade foi emancipada apenas em outubro de 1995, durante o primeiro mandato do ex-presidente da República. Atual prefeito, Charles Lemos (PRB-MA) diz que o nome é apenas uma coincidência com a trajetória do mais famoso político do estado. Diz até já ter ouvido uma outra piada por aí. Fato é que Amapá também é o nome de uma árvore nativa da região amazônica. Segundo o Prefeito, o vilarejo tinha uma delas, servindo de ponto de encontro para quem passava e trabalhava por ali. O amapá solitário do Maranhão acabou virando a melhor referência para o nome do novo município.

Charles só fica mais reticente quando o assunto é a relação da Prefeitura local com a família Sarney. Ele diz que não tem o que reclamar da governadora, mas que entende o motivo de insatisfação geral em relação a performance de Roseana. "É difícil ser governo", desabafa o Prefeito, que se orgulha de ter colocado a cidade no eixo durante o seu primeiro ano de governo. "Tá tudo funcionando: escola, merenda, saúde, todos os funcionários recebendo em dia". Com um tom ressentido, diz que foi eleito em 2012 apenas com a força dos companheiros e apoiadores da própria cidade, sem qualquer tipo de ajuda ou participação "extra". Questionado se vai apoiar a família Sarney na eleição estadual de 2014, aumenta ainda mais o tom duvidoso. "Eu ainda estou avaliando. Ainda não sei. Por enquanto, a tendência é apoiar um outro candidato, que até foi adversário dela (Roseana) na eleição passada".

Publicidade

É difícil precisar até que ponto tudo o que está acontecendo representará verdadeiros empecilhos para a família Sarney, principalmente conversando com apenas um Prefeito do estado. O mês de outubro vai dizer. Podem cessar apoios no Amapá. Pode diminuir a força no Maranhão. Pode existir uma barreira em Amapá do Maranhão.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.