Assim, seria o apelido de nosso personagem um riso debochado? Washington Luiz Cardoso Siqueira é, na verdade, Washington Quaquá. Prefeito de Maricá reeleito para o segundo mandato pelo PT, presidente estadual da sigla e um dos principais articuladores da saída da legenda do governo de Sergio Cabral em nome de um voo mais independente de sua sigla em torno do senador Lindbergh Farias - ambos têm história em comum. Desde a passagem pelo executivo de cidades do Rio de Janeiro - Farias foi prefeito de Nova Iguaçu por dois mandatos - até a atuação na geração Caras Pintadas que contribuiu para a queda de Collor em 1992. Outras coincidências devem certamente existir, mas algo chama a atenção na multifuncional presença de Quaquá. Seria seu riso debochado ou uma vocação para pato?
Em matéria recente do jornal O Estado de São Paulo, o prefeito dá a entender que não milita mais no campo de uma esquerda radical capaz de defender a tomada do Palácio de Inverno como o ápice de uma revolução. Para ele, a questão é romper. Como o que? Com a ética? Com a lei? Fica a pergunta, mas é fato que seu discurso sugere tais afrontas de forma clara. Primeiro porque compreende ser legítimo o uso da máquina pública na tomada da presidência estadual do seu partido. Quando candidato ao comando do PT ninguém acreditava nele, mas bastou empregar os companheiros na cidade e o jogo terminou ao seu favor. Falam em 70 cargos: quaquá, ele debocha afirmando que é mais. Além disso, quaquá, Ele entende que se tivessem lhe oferecido dinheiro do mensalão teria aceito. O problema é que era "pato feio" no partido, mas debochando novamente pede o fim da hipocrisia, sugerindo naturalidade no mensalão, quaquaquá. Defensor de constituinte pra reforma política e financiamento público de campanha o prefeito parece realmente crer no papel do dinheiro público para tocar as coisas privadas. Assim fica fácil. Difícil é acreditar que esse pato tenha alguma coisa de pato no sentido pejorativo do termo. Não tem nada mesmo. Mas e o apelido de infância? Hoje se justifica por sua capacidade multifuncional de voar, andar e nadar? Ou melhor: de administrar uma cidade, presidir um partido e defender uma campanha ao governo estadual, ou de sua naturalidade de rir à toa das perguntas que lhe fazem sobre política? Se a alternativa mais ilustrativa for mesmo essa última, fica então a dica: que se torne Washington Quaquaraquaqua, pois como cantou Elis Regina, ele certamente perguntaria ao término do riso: quem riu? E responderia rapidamente: fui eu!