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Crônicas sobre política municipal. Cultura brasileira local sob olhar provocativo | Colaboradores: Eder Brito, Camila Tuchlinski, Marcos Silveira e Patricia Tavares.

Partidos que debutaram nas eleições 2016

Participação especial - co-autoria - Monica Rezende, graduanda em Gestão de Políticas Públicas da USP

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Por Humberto Dantas
Atualização:

As eleições municipais continuam permitindo que nos debrucemos sobre temas interessantes associados à política local e seus resultados. Em 2016 três partidos debutaram no país: a Rede, o Novo e o Partido da Mulher Brasileira (PMB). Ao olhar seus nomes poderíamos flertar com a ideia de que uma legenda destinada a defender a causa feminina teria algo interessante a ofertar em termos de análise. Bem como um movimento novo, e outro em rede poderiam trazer oxigênio para nossa política. Vejamos alguns pontos interessantes.

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O PMB

Já foi alvo de fortes críticas nesse blog, mas vamos pensar positivo. Nos últimos anos, desde meados da década de 90, o Brasil tem se esforçado na elevação da participação das mulheres na política. O exemplo mais consistente está associado à exigência de cumprimento da reserva de 30% das candidaturas em eleições proporcionais ao gênero minoritário em chapas. Tal percentual se repete na relação dos eleitos? Não. A média simples do percentual de mulheres eleitas vereadoras entre os partidos que conseguiram ao menos uma vaga para tal cargo não ultrapassou os 14% em 2016. Mas e o PMB? A legenda elegeu 52 mulheres sobre um total de 218 escolhidos do partido, ou seja: quase 24% de mulheres sobre o conjunto de seus vitoriosos. Bom sinal? Pode ser. Entre as candidaturas às câmaras, a média de mulheres por partido foi de 33%, mas o PMB atingiu 43% e foi aquele que mais buscou o equilíbrio entre gêneros. Para os mais otimistas, um bom sinal. Para os pessimistas: sequer uma legenda que carrega o gênero no nome consegue ter maioria feminina entre os seus candidatos a vereador. Meio cheio ou meio vazio, veja o copo como preferir.

O Novo

Quando olhamos para o Novo, a estreia foi bem modesta. Sequer conseguimos uma análise estatística confiável tamanho o quadro reduzido de candidatos e cidades. Mas se o objetivo era eleger vereadores nos locais em que participou das eleições o plano deu certo: São Paulo, Porto Alegre, Rio de Janeiro e Belo Horizonte. Mas combinemos que o total de locais onde participou foi muito pequeno, e lançar apenas um candidato a prefeito - candidata, diga-se de passagem - não parece ter sido gesto dos mais ousados. Paciência.

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A Rede

Por fim, a Rede veio defendendo uma forma renovada de se fazer política. Suas alianças não sugerem exatamente isso. Somou mais de 170 alianças municipais com partidos como PSDB, PP, DEM, PR, PTB, PMDB, PPS, PDT, PSB, PT, PRB, PSC, PC do B e PSD. Mas chama a atenção, nos pleitos para prefeito, que na legenda os seus candidatos mais jovens angariaram mais votos e se elegeram mais que a média.

Enquanto 9% dos candidatos a prefeito tinham até 35 anos de idade no Brasil, na Rede esse percentual foi de 19%, quase o dobro. Nos eleitos a diferença fica entre 9% na média nacional e 14% na Rede. Mas se ampliarmos o intervalo analisado para até 45 anos de idade, por menor que seja a amostra de eleitos da Rede, o percentual nacional fica em 36% e o da legenda debutante vai a 57%. Com relação ao total de votos para prefeito conquistados pelo partido é interessante notar que mais de 60% ficaram concentrados em candidatos com até 45 anos de idade, enquanto no geral esse percentual ficou abaixo de 34%. Seria a Rede o partido capaz de capturar com um pouco mais de eficiência o interesse dos jovens, lhes oferecendo candidatos mais viáveis com idades mais baixas? Trata-se de algo a ser verificado no futuro. Mas definitivamente partidos novos precisam fazer uma nova política, seja lá o que isso sugira, em nome da captura do interesse dos jovens. Que isso sirva para todos!

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