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Crônicas sobre política municipal. Cultura brasileira local sob olhar provocativo | Colaboradores: Eder Brito, Camila Tuchlinski, Marcos Silveira e Patricia Tavares.

Navegar é preciso

No último período de chuvas, quando os paulistanos sofreram com enchentes na cidade, diversas faixas da prefeitura foram espalhadas em pontos estratégicos de São Paulo com os dizeres: 'atenção, área sujeita a alagamentos'. E a piadinha pronta: 'daqui a pouco, as pessoas vão usar bote em vez do carro para sair de casa'. Ninguém imaginava que um meio de transporte navegável seria possível como alternativa ao trânsito caótico da capital paulista.

Por Camila Tuchlinski
Atualização:

Foi publicada no 'Diário Oficial do Município', no último dia 10, a nova legislação sobre o tema. O autor da medida, vereador Ricardo Nunes, do PMDB, sugere que sejam usadas as represas Guarapiranga e Billings. Ambas funcionariam como vias paralelas à avenida Belmira Marim e a problemática Estrada do M'Boi Mirim. Há dois anos, o governador Geraldo Alckmin já havia mencionado uma ideia parecida, mas nada saiu do papel.

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A prefeitura não informou até agora um cronograma para implantar o sistema de transporte hidroviário previsto em lei. Os terminais, com integração entre CPTM e metrô, poderiam ser construídos com a ajuda da iniciativa privada, no modelo de Parceria Público-Privada (PPP).

Em 2010, o arquiteto e urbanista Alexandre Delijaicov pesquisou a origem das propostas de transporte fluvial. O professor da USP chegou a conclusão de que a capital paulista contaria com 600 quilômetros de canais navegáveis, ligando os rios Tietê, Pinheiros e Tamanduateí e as represas Billings, Guarapiranga e Taiaçupeba. Mas esse cenário só ocorreria em 20 anos.

Outras localidades do Brasil já deram a largada para resolver o problema da mobilidade urbana através dos rios e represas. Na Bahia, existe o Plano Diretor do Sistema de Transporte Hidroviário Intermunicipal de Passageiros e Veículos da Baía de Todos-os-Santos. Oito linhas serão criadas. Já foram dadas as autorizações para a licitação das três primeiras linhas.

No Rio de Janeiro, o governo resolveu investir mais de R$ 5 milhões nesse tipo de transporte para minimizar os problemas do trânsito e de superlotação ocorridos na Baía de Guanabara, entre Rio, Niterói, Ilha do Governador e Paquetá. Isso aconteceu há quatro anos.

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Em São Paulo, testes feitos pelo vereador Ricardo Nunes revelam que um trajeto que levaria cerca de uma hora no trânsito na zona Sul poderia durar 10 minutos com o transporte hidroviário. Além de ser altamente sustentável, a alternativa pode sair barata para os empresários, consequentemente, para os passageiros. Em uma futura rede de transporte hidroviário, o bilhete único seria aceito, com direito a integração com outros modais coletivos.

O desagradável seria navegar pelas águas do Tietê e do Pinheiros todos os dias com aquele cheiro. Imagine no verão? Governo e prefeitura poderiam aproveitar a deixa para despoluir de uma vez por todas esses dois rios. Fica a dica.

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