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Crônicas sobre política municipal. Cultura brasileira local sob olhar provocativo | Colaboradores: Eder Brito, Camila Tuchlinski, Marcos Silveira e Patricia Tavares.

Então é Natal

O espírito de Natal contamina muita gente. Há quem chegue ao final do ano triste, mas a maioria parece contar os dias para decorar a árvore, comprar presentes, degustar a ceia e rever a família. Nesse caso, em meio aos festejos existe sempre a criança empolgada que olha para a família na ceia e diz: "podia ser Natal todos os dias". Diante dos risos, há também o tio irônico que oferta respostas do tipo: "aí você sentiria falta da escola".

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Por Redação
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A despeito do debate familiar, podemos dizer que no Rio Grande do Norte é Natal todos os dias. Isso, sem dúvida alguma, em virtude do nome de sua capital. Trata-se de uma homenagem a duas datas relevantes. Foi em 25 de dezembro de 1597 que uma expedição de portugueses chegou àquela capitania hereditária para expulsar franceses que contrabandeavam pau-brasil com o auxílio dos índios. E foi neste dia também, dois anos depois, que o sítio foi demarcado. Se inicialmente o local foi chamado de Cidade dos Reis, em homenagem à data de início da construção do forte dos Reis Magos, erguido para evitar novos conflitos, não parece possível imaginar que Natal não se chamaria Natal. Pelo menos é isso o que nos faz crer o portal da prefeitura, que conta essa história em meio a erros de português facilmente sanáveis após uma boa revisão. Quem não erra?

 

Então em Natal é Natal todos os dias? Depende do espírito da pergunta. É difícil dizer, nos últimos anos, que a cidade respirou tais ares um dia sequer. Não são recentes e tampouco desconhecidas suas dificuldades estruturais. Os "presentes" não costumam ser dos mais razoáveis, sobretudo quando vêm dos governantes. Faz alguns anos, o então prefeito, e atual prefeito, Carlos Eduardo aparecia no Jornal da Globo negando a existência de prostituição infantil na mais famosa praia do município enquanto as imagens do telejornal provavam o contrário. A ex-prefeita, e pelo visto ex-prefeita mesmo, Micarla de Sousa conseguiu a façanha de deixar o poder em dezembro de 2012 com 95% de reprovação segundo pesquisa do Instituto Start. Espanto? Quem visitou Natal em dezembro de 2012 percebeu facilmente que alguma coisa não ia bem. A começar pelo lixo. Devedora dos serviços associados à coleta e destinação a prefeitura assistiu a um acúmulo de resíduos nas ruas comparável aos bolos de papéis que se espalham pelas salas das mais probas famílias após o festival de distribuição de presentes que costuma ocorrer na noite do dia 24. O detalhe é que a ineficiência oficial não retirou o lixo como costumamos fazer em casa, o que gerou proliferação de ratos, insetos e epidemia de dengue. Isso lá é presente de Natal? Quem seria capaz de reverter isso? Talvez a Arena das Dunas, estádio da Copa construído na cidade e cotado para ser um dos elefantes brancos do legado da FIFA. Será? A obra seria entregue em dezembro, mas Dona Dilma só aceita inaugurar em janeiro, pois sua agenda de festas anda lotada. Ademais, com preço acima do orçado para a conclusão da praça esportiva Natal é uma das duas cidades-sede que ainda não entregou uma intervenção sequer para o evento de acordo com o UOL. Ali seriam oito obras a um custo de R$ 1,5 bilhão. Isso é presente? Poderia até ser, mas a situação anda tão caótica que até mesmo Papai Noel não quis saber de Natal e findou candidato a vereador, em 2012, a mais de três mil quilômetros dali. Escolheu a igualmente quente Campo Grande, capital do Mato Grosso do Sul. Pelo PT do B se lançou sob número de agente secreto (70.007) e terminou a eleição com míseros 464 votos. Hohoho!

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