Arimateia confessa, em vídeo publicado no YouTube no ano de 2014, que a ideia para o projeto de lei original surgiu depois de uma relação sexual. Preocupado com acara de insatisfação da parceira, ele decidiu fazer a pergunta: "Você gozou?". A atípica preocupação com a satisfação da parceira, levou o então vereador a reflexões mais profundas. Segundo Arimatéia, "o machismo impregnado em toda a sociedade constrói respostas falsas e justificativas covardes para que o silêncio do orgasmo continue". Ao longo de 10 anos da lei, a celebração da data já levou a Prefeitura a fomentar debates acerca da sexualidade, com políticas e ações que tentam desmistificar temas normalmente polêmicos, utilizando-se até de palestras ministradas por "profissionais do sexo". Jornais franceses, espanhóis e a revista Playboy já foram fazer a cobertura in loco das comemorações nesse período."Eu tinha que fazer algo. O orgasmo é qualidade de vida! Pensei que muitos casais poderiam ser mais felizes e isso (conversar sobre o orgasmo) poderia fortalecer a família, os casais, a sociedade e o próprio Estado", analisa Arimateia. "Se o machismo não deixa as pessoas físicas falarem, que o Estado faça a pergunta!".
A data ficou famosa e incitou a reflexão de gente como Nelson Motta, jornalista, compositor e escritor que talvez resuma muito bem a potencial seriedade por trás de uma ideia que pode soar inicialmente estranha aos ouvidos mais tradicionais. Para ele "assim como o Dia das Mães, o Dia do Orgasmo deveria ser todo dia e em todo o Brasil. O que parece apenas uma bizarria divertida, na verdade é mais sério, mais educativo e socialmente mais importante do que a maioria absoluta das leis criadas por nossos prefeitos e vereadores".
Enfrentamos períodos tão chatos, sombrios, incertos e cheios de demandas pouco agradáveis em nossa agenda política que a possibilidade de refletir sobre o próprio prazer deveria mesmo saltar aos olhos de forma positiva. Deleitar-se de si mesmo e do outro é parte integrante da agenda individual, mas na esfera pública, parece que fingimos que essa dimensão não existe ou só tratamos dela nos espaços coletivos errados, longe da possibilidade de tomada de decisões mais práticas. Nossas inevitáveis raízes culturais de culpa, pudor exagerado, machismo e vergonha-sei-lá-de-quê ainda nos atrasam e nos impedem de vivenciar coletivamente algumas pautas. Ainda estamos gozando de democracia no Brasil, mas estamos longe de atingir orgasmos múltiplos.