Em maio de 2007 o repórter Valdo Cruz, da Folha de S. Paulo, afirmava que a Operação Navalha, da Polícia Federal, não lhe espantava pela prisão de corruptos acusados de desvios de verbas do PAC envolvendo agentes públicos e a Construtora Gautama. O que lhe assustava era a imagem de uma ponte incapaz de ligar um ponto a outro. Ela simplesmente havia sido construída para dizer que recursos públicos foram utilizados. De um lado nada de estradas, do outro idem. Mas onde isso ocorreu? Em Tutóia, no Maranhão. Pertinho dali, Barreirinhas. Recentemente, um piloto de moto paulista acostumado com aventuras estradeiras e com a poeira dos ralis percebeu que a pobreza do local contrastava com um excessivo número de luxuosos veículos 4x4. Como sua moto também chamava a atenção, o dono de um dos carrões puxou assunto. Feitos os elogios mútuos aos belos veículos, veio a indagação do forasteiro sobre as belas pontes da região: "ao invés de construir esses monstros, os prefeitos não poderiam pensar em escolas, creches, saneamento e coisas do tipo?". "Nada disso!" respondeu o local, filho de um político. "Se resolvermos problemas dessa natureza, o governo federal desiste de mandar recursos para a cidade", emendou.
Diante do diálogo, as barreirinhas parecem ser de caráter e Guga tem a mais absoluta razão. É pouco provável que no Brasil exista um escândalo como aquele revelado em Nova Jersey. Se por aqui existem pontes que não ligam nada a lugar algum, "sabiamente" elas parecem proteger nossas crianças e tantos outros cidadãos das sabotagens de Nova Jersey. Detalhe: falo das pontes de concreto e não das pinguelas políticas que ligam fisiologicamente os mais diferentes representantes e seus interesses escusos e pouco razoáveis! Essas são firmes e inabaláveis, surgindo apenas como barreirinhas à democracia e à cidadania.