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Youssef apontou Eduardo Cunha como beneficiário de propina

Doleiro disse em delação premiada que candidato à presidência da Câmara recebeu valores a mando de operador do PMDB preso na Lava Jato

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Por Redação
Atualização:

Atualizada às 16h48

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Por Ricardo Brandt e Fausto Macedo

O doleiro Alberto Youssef, personagem central da Operação Lava Jato, declarou em delação premiada à força tarefa do Ministério Público Federal (MPF) que o deputado Eduardo Cunha (RJ), líder do PMDB e candidato à presidência na Câmara dos Deputados, foi "beneficiário de propinas" do esquema de corrupção que se instalou na Petrobrás no período entre 2004 e 2012.

Segundo Youssef, valores em espécie foram pagos ao parlamentar do PMDB "por intermédio de Fernando Baiano". Trata-se de Fernando Antonio Falcão Soares, apontado como lobista do PMDB com atuação na estatal petrolífera, principalmente na área de Internacional, por sua proximidade com o ex-diretor Nestor Cerveró.

Em dezembro, Fernando Baiano e Cerveró foram denunciados pela Procuradoria da República por corrupção e lavagem de dinheiro. Os dois são acusados de receberem US$ 40 milhões para viabilizar contratos de navios-sonda. Segundo o Ministério Público Federal, os pagamentos teriam sido feitos pelo executivo Júlio Camargo, representante da empresa contratada pela estatal.

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Camargo agia em nome da Toyo Setal, sob suspeita de ter integrado o cartel de empreiteiras que assumiram contratos bilionários da Petrobrás e fez também acordo de delação premiada em que confirmou os pagamentos de propina.

O deputado, principal nome na disputa pela presidência da Câmara, disse já ter recebido Fernando Baiano. "Conheço Fernando Baiano, sim, ele era representante de uma empresa espanhola, e já o recebi em meu escritório como vários outros empresários de outros setores", declarou Cunha,.

O parlamentar disse que não recebeu dinheiro do lobista. "Quem deve esclarecer isso é o senhor Fernando Baiano." Sobre a delação de Youssef, o peemedebista é categórico: "Tenho certeza absoluta que isso não é verdade, ele (doleiro) não disse isso. Eu tenho certeza absoluta que essa informação é falsa. Não existe nada. Eu tenho absoluta convicção".

Delivery da propina

O policial federal Jayme Alves de Oliveira Filho, o Careca, preso em novembro, mas solto alguns dias depois por ordem da Justiça Federal, confirmou em depoimento à Polícia Federal, em Curitiba, a entrega de dinheiro a mando do doleiro Youssef.

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O agente da PF - já denunciado por organização criminosa, corrupção e lavagem de dinheiro - declarou que fez entregas no endereço do condomínio, onde Cunha tem casa, mas não disse que o repasse foi feito diretamente ao parlamentar. Depois, apontou um novo endereço.

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"Tive acesso ao depoimento (de Jayme Careca). Não o conheço, como nunca vi Alberto Youssef", afirmou o deputado. Para Cunha, a origem das denúncias é uma tentativa de atingir sua candidatura à presidência da Câmara. "Não estou preocupado porque não devo absolutamente nada. Estou muito tranquilo. Nada vai abalar minha caminhada."

Jayme Careca integrava o grupo de movimentadores de dinheiro do "delivery da propina" criado por Youssef. Além do agente federal lotado no Rio, foram denunciados no mesmo esquema o irmão do ex-ministro Mário Negromonte, Adarico Negromonte.

O agente se valia, segundo a Lava Jato, de sua função profissional para transitar com maior facilidade transportando dinheiro do esquema para Youssef.

Em nota à imprensa, a Procuradoria Geral da República esclareceu que não tomou o depoimento do policial federal Jayme Alves de Oliveira Filho e nem teve acesso ao relato dele. A Procuradoria reiterou que "não se pronuncia sobre eventuais citados em investigações em curso nem antecipa eventuais ações futuras".

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VEJA A ÍNTEGRA DA NOTA DA PROCURADORIA GERAL DA REPÚBLICA

"A respeito de notícias veiculadas na imprensa sobre a Operação Lava-Jato, a Procuradoria-Geral da República esclarece que não tomou o depoimento do policial federal Jayme Alves de Oliveira Filho, nem teve acesso a este documento até o momento.

A Procuradoria-Geral da República reitera que não se pronuncia sobre eventuais citados em investigações em curso nem antecipa eventuais ações futuras."

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