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Vídeo mostra que assessor de Feliciano tentou comprar silêncio de acusadora

Dez minutos de imagens pelo celular retratam conversa no hall de hotel em São Paulo entre Patrícia Lelis, o chefe de gabinete do deputado e um assessor informal do PRB

Por Por Valmar Hupsel Filho
Atualização:

A jornalista Patrícia Lelis. Foto: Reprodução/Youtube

A polícia recebeu nesta quarta-feira, 10, um vídeo que mostra tentativa do chefe de gabinete do deputado Pastor Marco Feliciano (PSC-SP), Talma Bauer, de comprar o silêncio da jornalista Patrícia Lelis. A jovem de 22 anos, prestou queixa na última sexta-feira, 5, contra o parlamentar acusando-o de estupro tentado e agressão.

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O vídeo foi gravado no último dia 30 pelo assessor do PRB, Emerson Biazon, que confirma a negociação pelo silêncio de Patrícia. Nele é exibida uma conversa entre os três no hall do hotel onde Patrícia estava hospedada, na qual acertam de que forma ela receberia R$ 50 mil do assessor de Feliciano.

O valor teria sido entregue por Bauer a um homem chamado Arthur Mangabeira mas, segundo Biazon, o intermediário não repassou o dinheiro a Patrícia.

 

 

 

Em determinado momento, Patrícia pergunta a Bauer se ele iria conversar com Arthur e 'dar uns tapas nele'. Bauer responde que entregou R$ 50 mil a Arthur. Patrícia se surpreende. "Cinquenta mil? Ele me falou que você deu dez. Vou ligar para ele agora", responde a jornalista.

O assessor de Feliciano diz que o acerto era de R$ 80 mil, mas Arthur o havia pressionado a receber R$ 50 mil de imediato. Patrícia, então, pede a Bauer que pressione Artur e chega a sugerir a morte dele. "Por que você não mata ele, Bauer? Por favor", diz. "Quero sua palavra que você vai fazer alguma coisa com ele. Quero que alguma coisa aconteça com ele", completa.

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Bauer responde que não vai matar Arthur mas vai "fazer alguma coisa com ele" e garante que ela terá o dinheiro.

Biazon contou à polícia que Patrícia chegou a receber R$ 2 mil. Ele relatou que a jornalista gastou R$ 700 numa loja para comprar maquiagem. Afirma que Patrícia se maquiou na própria loja para fazer um dos vídeos em que ela nega as agressões supostamente cometidas por Feliciano. A lojista que atendeu Patrícia a reconheceu em depoimento informal à polícia.

Segundo o assessor do PRB, como ela não ficou com os R$ 50 mil, ficou acertado que a jovem iria receber outros R$ 20 mil. O valor havia sido entregue por Bauer a ele no último dia 4, que repassaria a ela. "Eu ia entregar na manhã em que ela resolveu denunciar o caso à polícia", disse.

O empresário Marcelo Machado, dono de uma empresa de assessoria de palestrantes que contratou Patrícia, também confirmou que houve negociação pelo silêncio de Patrícia. Segundo ele, a jornalista pediu que ele depositasse os R$ 20 mil na conta de sua empresa e repassasse os valores aos poucos para ela, como pagamentos por palestras. "Ela estava com medo de que a mãe soubesse do dinheiro", disse ele ao Estado.

Sequestro. Para o delegado titular da 3ª DP, Luís Roberto Hellmeister, que apura a denúncia de sequestro e coação feita por Patrícia contra Bauer, o vídeo é prova irrefutável de que ela não estava não estava na condição de sequestrada ou recebendo ameaças no período em que esteve em São Paulo, entre os dias 30 de julho e 5 de agosto.

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"O caso da agressão e estupro tentado contra ela será investigado em Brasília, mas com as provas que temos é possível afirmar que enquanto esteve em São Paulo, Patrícia Lelis não estava em situação de sequestro ou coação", disse Hellmeister.

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Amigos há 15 anos, Tanto Biazon quanto Machado corroboram a versão de que não houve ameaças de Bauer contra Patrícia. Para atestar, Biazon disse em depoimento que durante a semana em que esteve em São Paulo, Patrícia saiu para almoçar com ele, com o namorado Gustavo Simonsen, Bauer e Machado.

O empresário também depôs à polícia e afirmou que, em nenhum momento em que ele esteve presente, a jornalista estava sendo coagida.

Patrícia procurou a polícia no dia 5. Em seu depoimento formal à polícia, ela confirmou que no dia 15 de junho Pastor Marco Feliciano tentou tirar sua roupa e a agrediu no apartamento funcional que ele ocupa em Brasília. Ela também relatou que procurou ajuda no PSC mas 'recebeu ameaças' e proposta para receber dinheiro em troca de seu silêncio. Tanto Feliciano quanto o partido negam as acusações.

Ela também relatou que estava sofrendo ameaças de Bauer e foi coagida a gravar dois videos negando notícias que já circulavam na internet, de que teria sido abusada sexualmente e agredida por Feliciano.

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No mesmo dia 5, Bauer chegou a ser conduzido ao 3.º Distrito Policial, na Rua Aurora, Centro de São Paulo. O delegado Luís Roberto Hellmeister chegou a cogitar o pedido de prisão temporária de Bauer, mas recuou quando Biazon levou os R$ 20 mil para a delegacia. Tanto Bauer quanto Patrícia negaram ter conhecimento do dinheiro.

Nesta quarta-feira, 10, ao Estado, Patrícia manteve o que disse em depoimento, que esteve monitorada durante todo o período em que ficou em São Paulo, seja por Biazon, Machado ou Bauer.

De acordo com seu advogado, José Carlos Carvalho, a conversa foi gravada quando Patrícia sob pressão, bem como os dois vídeos em que ela nega as agressões que teriam sido feitas por Feliciano. "Essa é uma desculpa para desviar o foco dos crimes cometidos por Bauer e Feliciano. Se houve negociação, onde estava o dinheiro", disse ele lembrando que os R$ 20 mil estava nas mãos de Biazon.

 

 

 

 

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