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Veja um 'incapaz de aluguel' no filme da PF

Operação Pseudea, deflagrada nesta terça-feira, 24, desmantelou esquema de fraudes milionárias contra a Previdência por meio, inclusive, do recrutamento de 'dublês' de doentes para obtenção de auxílios e aposentadorias

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Foto do author Luiz Vassallo
Foto do author Fausto Macedo
Por Luiz Vassallo e Fausto Macedo
Atualização:

Agentes da Polícia Federal e da Inteligência previdenciária filmaram um 'incapaz de aluguel' em uma agência do INSS protocolando pedido de benefício fraudado. As imagens mostram um homem com o braço engessado no guichê de atendimento.

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As investigações mostram que ele não tinha fratura nenhuma. Seguido de perto pelos agentes, o homem já a bordo de um carro se desfaz do gesso.

As imagens fazem parte dos autos da Operação Pseudea, deflagrada nesta terça-feira, 24. A PF prendeu dez envolvidos com organização criminosa que teria provocado rombo de R$ 60 milhões nos cofres do INSS por meio de doentes e engessados simulados

Os investigadores estimam em R$ 60 milhões o rombo acumulado em dez anos de atividades do grupo. A Justiça bloqueou R$ 25 milhões de integrantes do grupo.

Pseudea, que dá nome à operação da PF, refere-se à divindade grega que personalizava a mentira e as falsidades.

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"O modo de agir da organização criminosa era muito peculiar", declarou o delegado Rafael Dantas, da força-tarefa da PF que combate fraudes previdenciárias. "Pessoas eram alugadas, usadas como dublês (de doentes)."

A PF descobriu que os 'dublês' se faziam passar pelo requerente do benefício durante a perícia médica.

Os dublês simulavam até doenças psiquiátricas e oncológicas. Muitas se apresentavam engessadas, para encenar fraturas.

"O grupo criminoso valia-se de dublês, pessoas se faziam passar pelo requerente do benefício durante a perícia médica, onde fingiam doenças mentais, tinham membros engessados, bem como usavam falsos relatórios médicos", informou a PF.

Os 'lucros' da organização eram tirados dos benefícios, entre auxílios-doença e aposentadorias fraudulentas. Pelo menos 300 casos estão sob suspeita dos investigadores.

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O delegado da PF Marcelo Ivo de Carvalho destacou que o grupo era comandado por uma auxiliar de enfermagem.

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Participaram da ação, além da Polícia Federal, a Inteligência Previdenciária, Advocacia-Geral da União, Ministério Público Federal e o INSS.

Ao todo, a Justiça expediu 12 mandados de prisão - 7 temporárias e 5 preventivas -, e também 16 de busca e apreensão.

Segundo a PF, as fraudes consistiam em requerer auxílios-doença para pessoas, algumas que sequer figuravam como segurados do INSS, com o uso de documentos falsos e diversos artifícios. A auxiliar de enfermagem - suspeita de comandar o esquema - contava com a ajuda de um servidor que trabalha em uma agência do INSS na Vila Maria, em São Paulo.

O grupo também gerava aposentadorias falsas - confeccionava carta de concessão de aposentadoria fraudulenta que entregue ao 'cliente' permitia sacar, irregularmente, os valores depositados em seu FGTS.

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"Parcelas dessa quantia eram repassadas ao grupo criminoso como pagamento pela falsa aposentadoria", informou a PF.

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