A Operação Caça-Fantasmas, 32.ª fase da Lava Jato, listou as 44 offshores constituídas pela Mossack Fonseca por solicitação dos funcionários do banco panamenho FPB, que atuava no Brasil sem autorização do Banco Central. A lista foi o ponto de partida da operação deflagrada na semana quinta-feira, 7, que apura um esquema de venda de um pacote completo para abertura de contas secretas.
Representantes do banco usavam os serviços da Mossack Fonseca para constituir offshores para seus clientes e procediam à abertura e gerenciamento de contas sediadas no exterior para eles, tudo por intermédio de escritórios clandestinos localizados em São Paulo.
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"Os funcionários do banco panamenho no Brasil, além de atuarem de forma clandestina, garantiam anonimato aos seus clientes, pois, a partir da constituição das offshores, abriam e gerenciavam contas bancárias no exterior em seus nomes, permitindo a ocultação dos valores, havendo evidências de que offshores fornecidas pela Mossack foram usadas para ocultar recursos provenientes dos desvios perpetrados em detrimento da Petrobrás", aponta a força-tarefa da Lava Jato.
São 44 empresas offshore 'negociadas' pelo FPB Bank em território nacional (todavia não se sabe exatamente quais estão abertas), o que não deixa dúvida acerca da atuação ilegal da instituição financeira no Brasil", informa a Polícia Federal, no pedido de buscas da Caça-Fantasmas. São empresas de gaveta coo a Fernwood Foundation, Mississipi River Fundation, Somelia Promotion LTD, Madrid Holdings Inc.
Tabela não é exaustiva, já que elaborada apenas com base nas fichas de abertura/registro de offshore localizadas junto aos dados extraídos do sistema da Mossack Fonseca. Há diversos outros dados a serem analisados e que podem revelar outras empresas offshore", informa o delegado Rodrigo Luis Sanfurgo de Carvalho, da equipe da Lava Jato, em Curitiba.
O material vai abrir novas frentes de apuração. Todos documentos apreendidos nas buscas realizadas no dia 7 estão sob análise da Polícia Federal e devem incluir novos nomes de empresas offshores com contas secretas no exterior.
Para a procuradora da República Jerusa Viecili, a complexidade do esquema criminoso realizado pelo FPB Bank em parceria com a Mossack ao longo dos últimos anos, "pode ter facilitado a ocultação de recursos públicos desviados". "Havia uma dupla camada de lavagem de dinheiro: primeiro se constituíam offshores sediadas em paraísos fiscais para ocultar os reais donos do dinheiro e em seguida essas offshores mantinham contas em um banco clandestino."
Abrir ou ter uma offshore não é crime, elas são empresas legais com sede fora do País. Na Lava Jato, elas são alvos porque são usadas pela maioria dos investigados para ocultar a titularidade de suas contas secretas no exterior.