A Operação Forte do Castelo, que tem como alvo maior o ex-senador e ex-prefeito de Belém Duciomar Costa (PTB), o 'Dudu', identificou um 'aumento extraordinário' de 6.567% no patrimônio de Célio Araújo de Souza, que foi gari durante um ano da gestão do ex-chefe do Executivo da capital paraense. Souza é acusado por improbidade administrativa em três de seis ações que o Ministério Público Federal no Pará ajuizou contra 'Dudu' - atualmente, em regime de prisão domiciliar.
"O patrimônio pessoal de Célio Souza se elevou de R$ 24 mil em 2006 para mais de R$ 1,6 milhão em 2015", aponta a Procuradoria. "Uma multiplicação de 67 vezes no período, um aumento extraordinário de 6.567% no período. Em 2006, seu patrimônio de R$ 24 mil era formado somente um carro popular. Atualmente, Celio Souza possui um patrimônio pessoal declarado de mais de R$ 1,6 milhão, conforme se observa em sua Declaração de Imposto de Renda referente ao ano de 2015."
Documento
ACUSAÇÃODuciomar 'Dudu' foi senador entre 2002 e 2004 e prefeito de Belém entre 2005 e 2012.
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A PF e a Procuradoria suspeitam que 'Dudu' comandava organização criminosa que teria desviado R$ 400 milhões dos cofres públicos por meio de fraudes a licitações durante sua gestão na capital paraense, entre 2005 e 2012, nas secretarias de Comunicação, Habitação e Urbanismo.
Segundo o Ministério Público Federal, no Pará, Célio Souza está ligado a quatro empresas. Entre 2007 e 2009, ele foi um dos controladores da Metrópole Construção e Serviços de Limpeza.
No mesmo período, esteve à frente da SBC Sistema Brasileiro de Construção. Atualmente é responsável pela Prestibel Construções e pela ST - Sistema e Transporte. Todas as empresas estão na mira da Forte do Castelo.
A investigação aponta que no mesmo período em que estava ligado às empresas, Souza tinha outras ocupações. De 2007 a 2011, atuou como varredor de rua, auxiliar de escritório, coletor de lixo domiciliar e ajustador ferramenteiro.
"Muito embora aparente ter relevante trajetória profissional, Celio Souza figura em seu histórico profissional com profissões de rendimentos modestos, como varredor de rua e coletor de lixo", registra a Procuradoria.
A Operação Forte do Castelo identificou que a empresa SBC, da qual Souza foi sócio, firmou contratos com a Prefeitura da capital paraense no montante total de R$ 288 milhões, entre 2009 e 2011. A SBC também é controlada por Elaine Baia Pereira, mulher de 'Dudu'.
"De acordo com o Diário Oficial do Município de Belém, este publicado no dia 04 de março de 2008, Célio Souza foi admitido, a título precário, para o cargo de agente de serviços urbanos na Secretaria Municipal de Meio Ambiente da Prefeitura Municipal de Belém, a partir de 2 de janeiro de 2008 até 31 dezembro de 2008, mesmo período em que figurava como sócio das empresas Metrópole Construção e Serviços de Limpeza Ltda e da Varanda Sistemas de Habitação Ltda (posteriormente alterada para SBC Sistema Brasileiro de Construção Ltda)", anotam os procuradores Alan Rogério Mansur Silva e Ubiratan Cazetta.
A Procuradoria destacou ainda 'a grande quantidade de gado' registrada no Imposto de Renda de Célio Souza em contraposição à 'ausência de imóveis rurais nessa mesma declaração'.
"Ou seja, Celio Souza declara possuir gado em grande quantidade, muito embora não declare ter qualquer imóvel onde possa abrigá-lo. Isso por si só não se trata de irregularidade, mas cabe relembrar que Celio Souza consta no Cadastro Ambiental Rural da Semas/PA como proprietário da Fazenda Tangará de real propriedade declarada por Duciomar Costa", assinalam os procuradores.
COM A PALAVRA, CÉLIO SOUZA
A reportagem não localizou Célio Souza. O espaço está aberto para manifestação. COM A PALAVRA, 'DUDU'
A reportagem entrou em contato com a defesa de Duciomar Costa 'Dudu'. O espaço está aberto para manifestação.