O presidente da Companhia Metropolitana de Habitação de São Paulo (Cohab), Edson Aparecido (PSDB), afirmou em depoimento ao Ministério Público de São Paulo que pagou R$ 110 mil em dinheiro vivo como parte do pagamento por seu apartamento. O imóvel é pivô de uma ação civil pública movida pelo promotor de Justiça Marcelo Milani, do Ministério Público de São Paulo.
A Promotoria investiga se Edson Aparecido teria enriquecido de maneira ilícita envolvendo a transação do apartamento.
O depoimento foi prestado em 22 de março de 2016. Edson Aparecido comprou um 'apartamento suntuoso', segundo a Promotoria, no 16.º andar de um prédio na Vila Nova Conceição, zona Sul, por R$ 620 mil. Cinco anos antes, o imóvel havia sido adquirido por outros dois compradores por R$ 1,075 milhão.
O ex-homem forte do governo Alckmin - Edson Aparecido ocupou a chefia da Casa Civil do Palácio dos Bandeirantes - detalhou ao Ministério Público a forma de pagamento do apartamento: R$ 200 mil em cheque, um apartamento de R$ 310 mil e R$ 110 mil em espécie.
"São 310 mais 200, são 510. Para 620, 110. Esses 110 paguei em espécie. Foi empréstimo", disse.
O Ministério Público quis saber de quem Aparecido pegou o empréstimo.
"Aquela coisa, vai juntando um pouco de cada um", disse. "A menina que trabalhava comigo, a Margarida me emprestou. A própria minha mulher, a Kátia."
No depoimento, Edson Aparecido afirmou que não se lembrava de quanto havia tomado emprestado com sua secretária pessoal e disse que não havia declarado os valores ao Imposto de Renda.
"Não, declarados, não. Acho que não. Não foram. Eu declarei os valores na compra do imóvel", afirmou.
Nesta semana, o promotor Marcelo Milani entrou na Justiça com ação civil contra Edson Aparecido, a quem acusa por improbidade administrativa e de quem pediu liminarmente o bloqueio de bens. A Justiça negou o pedido, alegando não identificar lesão ao erário por parte do diretor-presidente da Cohab.
COM A PALAVRA, EDSON APARECIDO Por meio de sua Assessoria, Edson Aparecido informou que ele próprio solicitou uma audiência com o promotor de Justiça Marcelo Milani, da Promotoria de Defesa do Patrimônio Público e Social - braço do Ministério Público de São Paulo.
"Esse depoimento gravado foi uma audiência que o próprio Edson Aparecido solicitou com o promotor Marcelo Milani."
"Edson Aparecido não havia sido chamado (para depor). Ele (Edson) pediu audiência espontaneamente para tratar do assunto (a compra do apartamento)."
"Edson Aparecido foi à Promotoria sem advogado, só para conversar sobre o caso."
"Posteriormente, Edson Aparecido mandou uma documentação para o promotor, que incluía sua declaração ao Imposto de Renda que comprova que dos R$ 110 mil pagos como parte do imóvel, R$ 90 mil foram contraídos como emprestimo do Banco Real. Essa informação consta da declaração ao Imposto de Renda."
"Na verdade, esse vídeo se refere a uma audiência que o próprio Edson Aparecido pediu ao promotor para conversar sobre o caso."