PUBLICIDADE

Foto do(a) blog

Notícias e artigos do mundo do Direito: a rotina da Polícia, Ministério Público e Tribunais

Vaccari pediu mais de R$ 10 milhões, revela empreiteiro

Eduardo Leite, vice da Camargo Corrêa, disse em delação premiada que tesoureiro do PT o procurou em 2010 e solicitou propinas em forma de doação eleitoral para o partido

Foto do author Redação
Por Redação
Atualização:

 Foto: Sérgio Castro/Estadão

Por Ricardo Brandt, enviado especial a Curitiba, Julia Affonso, Andreza Matais e Fausto Macedo

PUBLICIDADE

O vice presidente da empreiteira Camargo Corrêa, Eduardo Leite, declarou à força tarefa da Operação Lava Jato, que o tesoureiro do PT João Vaccari Neto o procurou "por volta de 2010" e pediu R$ 10 milhões. O relato de Eduardo Leite foi tomado no âmbito da delação premiada que ele firmou com os procuradores da República e os delegados da Polícia Federal que conduzem a grande investigação sobre cartel e fraudes na Petrobrás.

O executivo da empreiteira afirmou que, naquele ano, Vaccari lhe disse que "tinha conhecimento, por meio da Área de Serviços da Petrobrás, que a Camargo Corrêa estava atrasada no pagamento das propinas relativas a contratos (com a Petrobrás".

Trecho de denúncia contra Vaccari e outras 26 pessoas. Clique para ampliar Foto: Estadão

Na extensa denúncia contra 27 alvos, entre eles Vaccari e o ex-diretor Renato Duque, o Ministério Público Federal é taxativo ao se referir ao tesoureiro do PT. "Não há qualquer dúvida de que João Vaccari tinha plena ciência, na qualidade de tesoureiro e representante do Partido dos Trabalhadores, do esquema ilícito e, portanto, da origem espúria dos valores." A denúncia transcreve trecho da delação de Eduardo Leite.

"Eduardo Leite relatou que João Vaccari o procurou, por volta de 2010, dizendo que tinha conhecimento, por meio da Área de Serviços da Petrobrás, que a Camargo Correa estava atrasada no pagamento das propinas relativas a contratos com a Petrobrás, e solicitou que a propina atrasada fosse paga na forma de doações eleitorais, em montante superior a R$ 10 milhões."

Publicidade

Os procuradores federais da Lava Jato suspeitam de enriquecimento ilícito de Vaccari. Eles estão convencidos do envolvimento do tesoureiro do PT no vasto esquema de corrupção que se instalou na Petrobrás. "Além de tudo isso, no tocante a João Vaccari, há evidências de que os esquemas estabelecidos no seio da Petrobrás serviam a partidos políticos e a projetos pessoais de enriquecimento ilícito de detentores de cargos públicos, inclusive dele próprio."

COM A PALAVRA, O CRIMINALISTA LUIZ FLÁVIO BORGES D'URSO, EM DEFESA DE JOÃO VACCARI NETO

"O sr. Vaccari repudia as referências feitas por delatores a seu respeito, pois as mesmas não correspondem à verdade. A defesa do sr. João Vaccari Neto manifesta-se diante das informações veiculadas nesta data, as quais noticiam a apresentação de denúncia contra o sr. Vaccari, secretário de Finanças do PT, além de outras 26 pessoas, na 10ª fase da operação Lava Jato, deflagrada nesta segunda-feira.

Publicidade

Embora ainda não se tenha ciência dos termos da denúncia, torna-se importante reiterar que o sr. Vaccari não participou de nenhum esquema para recebimento de propina ou de recursos de origem ilegal destinados ao PT.

PUBLICIDADE

Ressaltamos que causa estranheza o fato de que o sr. Vaccari não ocupava o cargo de tesoureiro do PT no período citado pelos procuradores, durante entrevista no dia de hoje, uma vez que ele assumiu essa posição apenas em fevereiro de 2010.

O sr. Vaccari repudia as referências feitas por delatores a seu respeito, pois as mesmas não correspondem à verdade. Ele não recebeu ou solicitou qualquer contribuição de origem ilícita destinada ao PT, pois as doações solicitadas pelo sr. Vaccari foram realizadas por meio de depósitos bancários, com toda a transparência e com a devida prestação de contas às autoridades competentes.

O sr. Vaccari permanece à disposição das autoridades para todos os esclarecimentos necessários, como sempre esteve desde o início dessa investigação.

São Paulo, 16 de março de 2015

Publicidade

Prof. Dr. Luiz Flávio Borges D'Urso"

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.