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'Um bobo não vira governador quatro vezes nunca né', diz executivo sobre Perillo em grampo da PF

José Taveira Rocha, preso na Operação Decantação, foi interceptado com diretor de Gestão da companhia de saneamento de Goiás (Saneago) ajustando propina de R$ 6 milhões

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Foto do author Fausto Macedo
Por Julia Affonso e Fausto Macedo
Atualização:

Marconi Perillo. Foto: Ueslei Marcelino/Reuters

Grampos da Polícia Federal na Operação Decantação, deflagrada nesta quarta-feira, 24, revelam o ajuste por uma propina de R$ 6 milhões entre o presidente da companhia de Saneamento de Goiás (Saneago), José Taveira Rocha, e o diretor de Gestão da Saneago, Robson Salazar. Às 13h31 do dia 18 de dezembro de 2015, Taveira e Salazar citam no diálogo o 'governador'. Para os investigadores, uma referência a Marconi Perillo (PSDB), chefe do executivo goiano.

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Atualmente, em seu quarto mandato, a campanha do tucano teria sido beneficiada com recursos ilícitos do esquema Saneago - desvio de recursos da companhia para agentes públicos e financiamento de partidos políticos.

"Um bobo não vira governador 4 vezes nunca né", diz Taveira.

Os investigadores anotam que, no diálogo capturado pela Federal, o presidente e o diretor da Saneago 'tratam da elaboração e execução de operações ilícitas e percentagem de valores, possivelmente de propinas, da ordem de R$ 6 milhões e correspondente a 3% do valor do contrato negociado'.

"Em determinando momento, ambos, Robson Salazar e Taveira tratam da distribuição de valores após a quitação de dívidas bancárias", destaca a PF.

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No diálogo, o presidente da Saneago cita o empresário Luiz Alberto Rassi, o 'Beto Rassi'.

"Exatamente. O home já ta em cima de mim. Parece que eles fareja esse trem. Tem hora que eu acho que Beto Rassi conversa muito, não?", questiona Taveira a Salazar.

ROBSON - Presidente.

TAVEIRA - Bão.

ROBSON - Bão.

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TAVEIRA - Come que foi a reunião lá com o homem?

ROBSON - Uai foi boa ai ele vai apresentar uma proposta, vai baixar bem o preço.

TAVEIRA - Ele não definiu o valor não ne.

ROBSON - Definiu não. Ai a gente falou aquele valor que você tinha falado. Ta muito longe da proposta, ele baixou pra 3%. Ai a gente ainda falou que ta muito longe, que o valor é muito alto.

TAVEIRA - Quem que estava lá? Era o Sigmarino ou o outro?

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ROBSON - Pablo Marcelo e o Sigmarino.

TAVEIRA - Os dois ne.

ROBSON - Os dois. É.

TAVEIRA - Ai cê deu neles uma gelada ne.

ROBSON - É.

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TAVEIRA - Precisa gela eles mesmo ne.

ROBSON - Isso é.

TAVEIRA - Ai você imagina 3% encima de 200 milhões da 6 milhões.

ROBSON - É.

TAVEIRA - O ô ministério público...

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ROBSON - O PEIXOTO quase apanhou lá porque ele falou aquele valor que você tinha falado.

TAVEIRA - Ham?

ROBSON - PEIXOTO quase apanhou lá porque ele falou aquele valor que o senhor achava razoável.

TAVEIRA - De 500 mil ne.

ROBSON - É.

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TAVEIRA - E eu ainda acho meio caro.

ROBSON - Mas ele disse que o negócio não ta muito fácil não. O Peixoto te explica melhor. Tem uma situação lá que... agora o FDIC deu certo, ta na conta. O pessoal já ta depositando na conta do fundo.

TAVEIRA - Que maravilha ein.

ROBSON - Segunda ou terça ta na nossa.

TAVEIRA - Na segunda nos temos que dar uma sentada pra ver o que faz da vida.

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ROBSON - Tem que ver o que vai sobra porque vai quitar os fundos tudo, os bancos, ai o que sobrar manda pra nós.

TAVEIRA - Exatamente. O home já ta em cima de mim. Parece que eles fareja esse trem. Tem hora que eu acho que Beto Rassi conversa muito, não?

ROBSON - Conversa.

TAVEIRA - Tem hora que eu acho que ele fica sabendo de trem que nem eu mais você sabe ainda.

ROBSON - É, mas também joga verde.

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TAVEIRA - Ele é esperto demais ne.

ROBSON - É.

TAVEIRA - Um bobo não vira governador 4 vezes nunca ne.

ROBSON - É. (Risos)

TAVEIRA - Deixa eu te falar. Eu to te ligando é por outra coisa, mas esse negócio do menino ai, desse... ai meu Deus esqueci o nome do home.

ROBSON - Sigmarino.

TAVEIRA - Sigmarino. Nós temos que endurecer viu.

ROBSON - É.

TAVEIRA - Nós não podemos caçar problema pra velhice não, mas eu to te ligando... lá na Saneago tem uma arquiteta que chama Débora e eu recebi um pedido pra libera ela dia 28, 29, 30 e 31 e eu acho que tem dias desses ai que nem expediente tem, mas eu autorizei a liberação. Você podia avisar o Washington lá pra mim, se precisar levar a freqüência dela lá pra eu assinar ou você abona lá pra mim.

ROBSON - Eu sem quem que é, eu conheço ela.

TAVEIRA - Eu não sei o sobrenome. O pedido é dia 28, 29, 30 e 31.

ROBSON - Ta bom.

TAVEIRA - Eu acho que tem dias desse ai que eles pediram que nem expediente tem.

ROBSON - É. 31 não tem não.

TAVEIRA - Pois é. Então é 28, 29 e 30. Você anota lá pra mim, não esquece não viu.

ROBSON - Ta bom.

TAVEIRA - Senão depois da problema lá pra nós.

ROBSON - Ta.

TAVEIRA - Brigado viu. Um abraço.

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