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Testemunha da Carne Fraca diz que relatou erros, mas fiscal preferiu 'jogar poker'

Ex-funcionária da Peccin entre agosto de 2013 e setembro de 2014 relatou à Polícia Federal irregularidades do frigorífico alvo de investigação da Polícia Federal

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Foto do author Luiz Vassallo
Por Julia Affonso e Luiz Vassallo
Atualização:

 Foto: Dida Sampaio/Estadão

Uma das testemunhas da Operação Carne Fraca relatou à Polícia Federal irregularidades no frigorífico Peccin. Ex-funcionária da Peccin entre agosto de 2013 e setembro de 2014, Daiane Marcela Maciel tinha como atribuição 'fiscalizar a rotina da limpeza da empresa, rotulagem do produto, recebimento de insumos' e também 'informar o agente de inspeção do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento ou o fiscal agropecuário das irregularidades na empresa'.

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Em depoimento, a testemunha citou os fiscais agropecuários Sergio Pianaro e Tarcísio Almeida de Freitas, alvos de mandados de prisão preventiva da Carne Fraca.

"Avisou o fiscal Sergio Pianaro, que trabalhava juntamente com Tarcísio Almeida de Freitas, acerca das irregularidades da empresa, sendo simplesmente ignorada, preferindo o referido fiscal passar o dia 'jogando poker no computador'", declarou.

A Operação Carne Fraca, deflagrada na sexta-feira, 20, mira corrupção na Superintendência Federal de Agricultura no Estado do Paraná (SFA/PR) do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. No rol de empresas investigadas pela Polícia Federal estão a JBS, dona da Seara e da Big Frango, a BRF, controladora da Sadia e da Perdigão, e os frigoríficos Larissa, Peccin e Souza Ramos.

Na lista de irregularidades identificadas pela PF estão o pagamento de propinas a fiscais federais agropecuários e agentes de inspeção em razão da comercialização de certificados sanitários e aproveitamento de carne estragada para produção de gêneros alimentícios.

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Os pagamentos indevidos teriam o objetivo de atender interesses de empresas fiscalizadas para evitar a efetiva e adequada fiscalização das atividades, segundo a investigação.

Segundo a testemunha, durante o período em que trabalhou na empresa, 'presenciou diversas irregularidades, tais como fraudes na formulação de produtos da empresa, substituindo a carne por outros produtos para enganar a fiscalização; carnes sem rotulagem, sem refrigeração; utilização de carnes estragadas para produzir salsichas, linguiça etc'.

"Presenciou, por diversas vezes, a empresa comprar carregamento de carnes estragadas e para 'maquiar' as carnes usava ácido sórbico, que é cancerígeno e proibido", relatou. "A empresa fraudava notas de compra de carne para que os números de produção fossem correspondentes com os exigidos pela legislação, uma vez que praticamente não utilizava carne nos seus produtos." COM A PALAVRA, A PECCIN AGRO INDUSTRIAL LTDA

A PECCIN AGRO INDUSTRIAL LTDA. vem a público comunicar, em razão da operação Carne Fraca, da Polícia Federal, realizada ontem, dia 17 de março, sua grande surpresa, consternação e forte repúdio as falsas alegações que culminaram com a prisão preventiva de seus diretores, esclarecendo o seguinte:

1. A PECCIN AGRO INDUSTRIAL LTDA. tem amplo interesse em contribuir com as investigações, em busca da verdade, estando inteiramente à disposição das autoridades policiais para prestar quaisquer esclarecimentos que se façam necessários;

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2. A PECCIN AGRO INDUSTRIAL LTDA. declara que estão confiantes de que os órgãos competentes saberão discernir a efetiva veracidade dos fatos que ora se alegam, ainda, conclama pela paciência e serenidade da sociedade para o esclarecimento dos fatos verdadeiros;

3. Por isso a PECCIN AGRO INDUSTRIAL LTDA. lamenta a divulgação precipitada de inverdades sobre o seu sistema de produção, sendo que as informações repassadas ao grande público foram no afã de justificar os motivos da operação "Carne Fraca", modificando os fatos e comprometendo a verdade.

4. Por fim a PECCIN AGRO INDUSTRIAL LTDA., esclarece que que não tem qualquer vínculo comercial ou societário com a Peccin S/A, indústria gaúcha de doces e chocolates.

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