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Terceiro alvo da Repescagem teria pago propina na Petrobrás por terminal no Amazonas

Humberto Amaral Carrilho, que representava Distribuidora Equador, teve prisão decretada envolvimento no esquema de corrupção do PP via ex-assessor João Cláudio Genu e ex-diretor da estatal Paulo Roberto Costa; PF aguarda retorno de empresário ao Brasil para prende-lo

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Foto do author Fausto Macedo
Por Mateus Coutinho , Fausto Macedo e Ricardo Brandt
Atualização:
 Foto: Estadão

O ex-tesoureiro do PP João Claudio Genu, preso nesta segunda-feira, 23, alvo da 29ª fase da Operação Lava Jato, atuou na intermediação de um contrato com a Petrobrás para construção de um terminal de derivados de petróleo no Rio Amazonas, em Itacoatiara (AM), em que foi pago propina para o ex-diretor de Abastecimento da estatal Paulo Roberto Costa no esquema do partido de corrupção na estatal. O representante da Distribuidora Equador Humberto Amaral Carrilho teve prisão decretada, juntocom Genu e seu sócio Lucas Amorin Alves.

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Em depoimento à Lava Jato, dentro do seu acordo de delação premiada, Paulo Roberto Costa afirmou que a Humberto Carrilho foi o contato com a Distribuidora Equador nesse negócio. "Por volta de 2008 ou 2009, o proprietário da empresa, Humberto Amaral, procurou o declarante com um projeto para construção de um Terminal de Derivas no Rio Amazonas em Itacoatiara", registra a Polícia Federal.

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A Petrobrás deixava um navio chamado "tancagem flutuante" parado no rio para fazer os serviços que a empresa se propôs com o terminal, contou Costa. "Por isto a Distribuidora Equador construiu um terminal e foi contratada pela Petrobras, sem licitação, pois se tratava de exclusividade."

O delator diz que recebeu valores de Carrilho por esse contrato e que eles foram pagos mediante contratos simulados feitos com sua empresa de consultoria, a Costa Global. O empresário alvo da Operação Repescagem fez os contratos por meio das empresas Distribuidora Equador, Equador Log e Dislub Equador/Venbras Marítima. Costa guardava o nome de Carrilho na agenda apreendida em 2014 pela polícia.

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 Foto: Estadão

Com base nas revelações de Costa e descobertas do papel de Genu como braço-direito do ex-deputado federal José Janene (PP-PR), morto em 2010 e origem da Lava Jato, a força-tarefa identificou nas trocas de mensagens arquivadas no celular do ex-tesoureiro a ligação dele com o negócio da Distribuidora Equador.

"Há evidências fortes da atuação ilícita de João Cláudio Genu junto a agentes públicos da Petrobrás. Mais ainda, a menção a invoices indica que Genu mantém contas ocultas no exterior que ainda não são de conhecimento da investigação", informa a Procuradoria da República, no pedido de prisão entregue ao juiz federal Sérgio Moro - titular da Lava Jato, em Curitiba.

  

Na sequência das conversas entre Genu e Carrilho, entre maio e novembro de 2012, o ex-assessor do PP preso pela Repescagem parece "atuar como um preposto de Paulo Roberto Costa na intermediação de negócios escusos junto a agentes públicos da Petrobrás para favorecer Humberto Carrilho, contando para isso com o auxílio de Lucas Amorin Alves".

Das três prisões decretadas pelo juiz federal Sérgio Moro na Operação Repescagem, só a de Carrilho não foi cumprida. A defesa do alvo informou o juiz e a polícia que ele está fora do País, mas já providenciou seu retorno para se entregar. 

"Conforme comunicado por familiares à autoridade policial no momento das diligências, o requerente (Carrilho) se encontra em viagem profissional ao exterior, entre os dias 21 e 30 de maio do corrente ano. Da leitura dos bilhetes, extrai-se que foram emitidos antes da deflagração da operação, sem que houvesse nenhuma restrição judicial à saída do Requerente do país", informam os advogados Ademar Rigueira Neto e Francisco de Assis Leitão.

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