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Sorteio no "papelzinho" definiu vencedores de lotes no Rodoanel, diz delator

Os lotes da obra foram divididos entre grandes empresas por meio de um “sorteio simples” no qual os números de 1 a 5 foram colocados em um “papelzinho” e retirados por cada representante.

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Foto do author André Borges
Por Fabio Serapião , Beatriz Bulla e André Borges
Atualização:

O executivo da Odebrecht Roberto Cumplido narrou aos investigadores detalhes do arranjo entre empreiteiras na obra do trecho Sul do Rodoanel. De acordo com o delator, os lotes da obra foram divididos entre grandes empresas por meio de um "sorteio simples" no qual os números de 1 a 5 foram colocados em um "papelzinho" e retirados por cada representante.

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Ainda de acordo com o delator, após a vitória na licitação, os valores destinados ao pagamento de propina foram solicitados em uma reunião realizada no hotel Bluetree, na capital paulista. No encontro,o diretor de Engenharia da Dersa - Desenvolvimento Rodoviário S/A, Paulo Vieira Souza, solicitou que a Odebrecht pagasse mensalmente 0,75% do valor dos valores recebidos da estatal paulista. Os pagamentos, segundo o delator, tinham como destino o então governador José Serra.

"O Paulo solicitou para efeito de campanhas, e ele usava muito o nome do governado José Serra, ele dizia que era pra campanha do Serra. Ele pediu 0,75% do valor das medições", declarou Cumplido. Como prova para corroborar sua versão sobre os pagamentos para Paulo Vieira, Cumplido apresentou ao Ministério Público Federal os documentos de reserva da sala no hotal, os e-mails sobre as reuniões e uma planilha com todos os valores mensais pagos ao então diretor da Dersa.

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Segundo o delator, participaram do esquema as empresas Andrade Gutierrez, Camargo Correa, OAS, Queiroz Galvão, e Odebrecht. Cumplido detalhou que após as cinco grandes se organizarem para ficar cada uma com um lote, as empresas procuraram outras construtoras menores para formação de consórcios. Foram chamadas as empresas Galvão Engenharia, Serveng Civilsan, Mendes Junior, CR Almeida e Constran. No caso específico da Odebrecht, a consórcio foi formado com a Constran.

A divisão dos cinco lotes da obra entre as empresas foi feita em uma reunião na sede da Queiroz Galvão poucos dias antes da licitação. Foram anotados os números dos lotes em um "papelzinho" e o representante de cada uma das cinco empresas pegou. A Odebrecht ficou com o lote 2.

Nesse período, fora do acordo, entraram outras empresas na disputa. Por conta disso, a Odebrecht teve que subcontratar a Construbase como forma de integrá-la ao esquema. Para garantir que a empresa fosse vencedora, Cumplido informou às outras empresas que disputariam o lote 2 sobre o valor máximo do desconto a ser apresentado na proposta. Dessa forma, a Odebrecht apresentou um descontou maior e levou o lote 2.

Antes dos repasses a Paulo Vieira, segundo Cumplido, o antecessor do diretor de Engenharia, Mário Rodrigues Júnior já havia solicitado o pagamento de R,$ 1,2 milhão em propina."Era época de eleição e ele dizia que era para as campanhas eleitorais. Ele solicitou a todos e no meu caso foi esse valor", afirmou Cumplido.

O ex-diretor da Dersa Paulo Vieira Souza não retornou aos contatos da reportagem.

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COM A PALAVRA, JOSÉ SERRA

"O senador José Serra reitera que não cometeu irregularidades em sua longa vida pública, que sempre foi pautada pela lisura, ética e transparência.

A abertura do inquérito pelo Supremo Tribunal Federal servirá como oportunidade para demonstrar que as acusações e o conteúdo das delações são fantasiosos e infundados.

Assessoria de imprensa do senador José Serra"

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