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Secretária de Nuzman entrega computador pessoal à Lava Jato

Polícia Federal enviou equipamento de Maria Celeste de Lourdes Campos Pedroso para perícia resgatar arquivos que podem reforçar provas da ligação do presidente do COB com esquema de compra de votos por Rio/16

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Por Julia Affonso
Atualização:

 Foto: Reprodução

A secretária Maria Celeste de Lourdes Campos Pedroso entregou seu computador pessoal à Operação Lava Jato, no Rio. Ela trabalhou para o presidente afastado do Comitê Olímpico do Brasil (COB), Carlos Arthur Nuzman, preso na Operação Unfair Play, que investiga a compra de votos para a escolha do Rio como sede olímpica.

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Segundo a força-tarefa da Lava Jato, o grupo do ex-governador Sérgio Cabral (PMDB) comprou o voto do ex-presidente da Federação Internacional de Atletismo Lamine Diack por US$ 2 milhões, por meio de seu filho Papa Diack. O pagamento teria sido feito por meio da empresa Matlock Capital Group, do empresário Arthur Soares, o 'Rei Arthur'.

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A Polícia Federal enviou para perícia o equipamento usado Maria Celeste na época em que ela trabalhava no COB e no período da candidatura à Olimpíada. A secretária concedeu a senha do equipamento.

"Gostaria ainda de esclarecer que na época dos Jogos Olímpicos somente possuía acesso ao Hotel da Família Olímpica, ao Centro Principal de Imprensa e ao Sistema de Transporte Público, conforme demonstra seu crachá da época, e que nunca foi parte da cúpula dos jogos", informou Maria Celeste no segundo depoimento prestado à Lava Jato, em 9 de outubro.

A segunda fase da Unfair Play, que prendeu Nuzman, foi deflagrada em 5 de outubro. Naquele dia, a secretária falou à PF.

No primeiro depoimento, Maria Celeste disse que 'antes do resultado da escolha da cidade sede dos Jogos Olímpicos 2016, Papa Massata passou a dizer que Nuzman lhe devia algum pagamento, não especificando qual o montante ou a que se referia'. A secretária relatou que 'achava que esse valor devido era referente a alguma restauração de pista de atletismo na África que Nuzman tivesse combinado'.

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"Em determinado momento passou a receber e-mails de Papa Massata pressionando-a para que levasse a conhecimento de Nuzman a pendência sobre o pagamento; que ao receber tais e-mails, dava ciência dos conteúdos a Carlos Arthur Nuzman, ocasionalmente imprimindo e levando ao mesmo; que Nuzman não lia nem pegava a cópia de sua mão, mas tomava ciência e dizia que não sabia do que se tratava e que não tinha nada a ver com isso", contou.

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Maria Celeste relatou à PF que 'ficava irritada com essa situação'. Segundo ela, Papa Diack 'ligava insistentemente, inclusive em horários absurdos, devido à diferença de fuso horário'.

"Quando passou a receber e-mails questionando em qual de suas contas, se de Moscou ou de Dacar, o pagamento que devido por Carlos Arthur Nuzman teria sido feito, decidiu imprimir o e-mail e mostrar a Carlos Arthur Nuzman; que Nuzman repetiu que não tinha nada a ver com isso e que levasse a questão ao diretor financeiro, para verificar se havia alguma pendência; que Nuzman disse isso de uma forma bastante vaga", narrou.

À PF, a secretária disse que 'deu ciência' ao diretor financeiro do COB e o ouviu dizer que 'precisaria resolver isso'.

"Para a declarante a questão ainda era de caridade para a pista de atletismo; que contudo, achou estranha a menção que constava no e-mail de uma conta na Rússia, pois como ajudariam a África mandando dinheiro para a Rússia?; que não havia na época nenhuma notícia de compra de votos ou qualquer tipo de corrupção envolvendo o esporte", disse.

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Na semana passada, o juiz federal Marcelo Bretas, da 7.ª Vara Federal, do Rio, acolheu pedido do Ministério Público Federal e mandou o COB e o Comitê Organizador Rio 2016 entregarem os emails da secretária. Os investigadores miram as mensagens trocadas por Maria Celeste com Papa Diack.

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