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Ruy Muniz escapa outra vez da PF em Montes Claros

Prefeito do PSB, acusado de desvios de verbas públicas, estava na 'zona de conforto', favorecido por uma brecha na legislação eleitoral que proíbe prisão de candidatos desde 15 dias antes do pleito e até dois dias depois; nesta terça, 4, os federais não o encontraram em casa

Por Mateus Coutinho
Atualização:

PF na residência de Ruy Muniz (PSB). Foto: Mauro Miranda Ferreira/Divulgação

Alvo de dois mandados de prisão neste ano e segundo mais votado no primeiro turno da eleição para a prefeitura de Montes Claros, no interior de Minas Gerais, o prefeito afastado do município Ruy Muniz (PSB) não foi encontrado pela Polícia Federal em sua residência nesta terça-feira, 4, e é considerado foragido da Justiça desde as 17h.

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O mais recente mandado de prisão contra ele - que foi elogiado pela mulher e deputada Raquel Muniz em seu voto na sessão do impeachment de Dilma na Câmara - foi expedido em setembro. Como ele não foi encontrado pela PF na ocasião, acabou se valendo de uma generosidade do período eleitoral - nenhum candidato pode ser preso, exceto em flagrante delito, nos 15 dias que antecedem o pleito e nos dois dias posteriores.

Amparado nessa brecha da legislação, Muniz conseguiu disputar o primeiro turno das eleições em Montes Claros mesmo no centro de inúmeros processos e driblou até o indeferimento de sua candidatura pela Justiça Eleitoral.

O prazo da imunidade de Muniz terminou na tarde deste terça-feira, 4, mas quando a PF chegou em sua residência ele não foi encontrado. Na segunda, ele deu uma entrevista coletiva explicando sua situação e citando todos os recursos que ainda pode utilizar na Justiça para conseguir ser eleito.

Muniz é suspeito de desviar recursos públicos da saúde para beneficiar o hospital de sua família, mas foi a renúncia de seu candidato a vice fora do prazo legal que resultou no indeferimento da candidatura à reeleição.

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Mesmo assim, seu nome apareceu nas urnas e ele recebeu 48.515 votos, que não entraram no cômputo oficial.

O resultado levaria a disputa para o segundo turno, pois os 75.882 votos do primeiro colocado, Humberto Souto (PPS), não seriam suficientes para definir a eleição já no domingo.

No mês passado, a Justiça expediu novo mandado de prisão contra Muniz, numa operação do Ministério Público Estadual que investiga desvio de verbas na empresa municipal de serviços e obras.

A investigação constatou gasto excessivo de combustíveis e subcontratação de empresas, num esquema de fraudes que teria desviado R$ 7,5 milhões em aluguel de máquinas.

 Foto: Mauro Miranda Ferreira/Divulgação

Como a legislação eleitoral proíbe a prisão de candidatos 15 dias antes das eleições, ele conseguiu uma liminar para seguir em campanha. A partir das 17 horas desta terça-feira, 4, o mandado de prisão pode ser cumprido, mas, segundo Muniz, seus advogados tentam revogar a medida.

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Ele também entrou com recurso contra o indeferimento da candidatura e aguarda julgamento pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE-MG), que deve ocorrer na quarta, 5.

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No site do TSE, consta que o resultado das eleições em Montes Claros está sujeito a alteração. Se for confirmada a impugnação do atual prefeito, Humberto Souto será considerado eleito, por ter obtido 54,8% dos votos válidos. A segunda colocada entre os candidatos em situação regular, Leninha Souza (PT), teve 25,8% dos votos.

Ao Estado, Muniz disse ontem que é perseguido pela oposição e vai continuar em campanha para o segundo turno que, acredita, vai acontecer. "Se não fosse esse problema (da impugnação), eu teria levado a eleição no domingo."

Ele garantiu que não sairá da cidade para escapar de uma possível prisão. "Sou uma pessoa do bem, trabalho, tenho endereço fixo, não sei porque devo ser preso se as denúncias são falsas. Sou ficha limpa, não tenho nenhuma condenação."

Sobre o comentário feito pela esposa na sessão da Câmara dos Deputados, ele garante que ela falou a verdade. "Fui mesmo o prefeito mais bem avaliado do Brasil, e pode escrever aí: ainda vou ser governador de Minas Gerais."

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