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Responsabilidade pelo documento é de quem assina, diz defesa de Lula

Em vídeo, advogado Cristiano Zanin Martins propõe perícia sobre comprovantes entregues à Lava Jato, que comprovariam pagamento de aluguel do apartamento 121, do edifício Hill House, em São Bernardo do Campo, de propriedade do engenheiro Glaucos da Costamarques

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Foto do author Fausto Macedo
Por Julia Affonso , Luiz Vassallo , Ricardo Brandt e Fausto Macedo
Atualização:
 

O advogado Cristiano Zanin Martins reagiu nesta quinta-feira, 28, à polêmica sobre os recibos de aluguel do apartamento 121, do edifício Hill House, em São Bernardo do Campo (SP), ocupado pelo ex-presidente Lula. A defesa do engenheiro Glaucos da Costamarques, dono do imóvel, afirma que todos os comprovantes de 2015 foram assinados no mesmo dia, no Hospital Sírio-Libanês, em novembro daquele ano.

"A responsabilidade pelo documento é de quem o assina", afirmou o criminalista em um vídeo gravado.

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Os comprovantes apresentados pela defesa de Lula referem-se ao período de agosto de 2011 a novembro de 2015. Duas notas têm datas que não existem no calendário: 31 de junho e 31 de novembro.

"Pequenos erros em dois dos 26 recibos apresentados não retiram a força probatória dos documentos até porque são justificáveis. No recibo de agosto de 2014, por exemplo, é feito referência à data de 31 de junho de 2014 quando claramente buscou-se fazer referência à data de 31 de julho de 2014. Basta verificar que existe outro recibo com referência ao pagamento do aluguel de junho de 2014", reagiu o advogado.

"De qualquer forma, se houve qualquer dúvida ou questionamentos sobre esses recibos, que seja feita uma perícia, avaliando de quem é a assinatura, de quando os documentos foram feito, dentre outras coisas."

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Segundo a defesa de Glaucos, os comprovantes referentes a 2015 foram assinados de uma só vez pelo engenheiro durante o período em que ele estava internado no Hospital, em novembro daquele ano. Os recibos, afirma, foram levados pelo contador João Muniz Leite, a pedido do advogado Roberto Teixeira, compadre de Lula. A defesa de Glaucos avalia pedir ao Sírio-Libanês os registros de entrada de Roberto Teixeira.

O apartamento 121, ocupado por Lula, é um dos alicerces da segunda denúncia do Ministério Público Federal, do Paraná, contra o petista. O imóvel teria sido adquirido pela empreiteira Odebrecht, por meio de Glaucos - suposto laranja do ex-presidente no negócio -, como forma de propina a Lula, réu por corrupção passiva e lavagem de dinheiro.

REVEJA O DEPOIMENTO DE GLAUCOS

A Operação Lava Jato afirma que não houve pagamento de aluguel entre fevereiro de 2011 e novembro de 2015.

Na terça-feira, 26, Glaucos da Costamarques reafirmou ao Estadão que é 'verdadeiro' o que disse ao juiz federal Sérgio Moro.

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Em 6 de setembro, Glaucos afirmou em interrogatório perante o juiz federal Sérgio Moro que não recebeu alugueis pelo apartamento 121, mas que declarou à Receita que houve pagamento. "Não recebi", disse taxativamente.

A Moro, o engenheiro afirmou que passou a receber o aluguel em 2015. Glaucos disse que Roberto Teixeira o procurou em novembro daquele ano quando ele estava hospitalizado.

"O Roberto Teixeira esteve lá no hospital me falando: 'olha, nós vamos pagar. De hoje em diante, nós vamos pagar o aluguel pra você'. Começaram a pagar. Começaram a pagar com um depósito na conta que eu passei, depósito no Santander. Mas não identificado. Eu acho que eles depositavam naqueles envelopes e aquele envelope tem um limite pra depósito. Acho que eles faziam em três. Então, aparecia lá, era, vamos supor, três mil, vamos por, não lembro quanto era o aluguel naquela época, três mil e trezentos, vamos supor. Eles punham um envelope de dois, um de mil e outro de oitocentos", narrou.

O juiz da Lava Jato questionou Glaucos se Roberto Teixeira deu alguma explicação para começar a pagar.

"Eu não me recordo. Mas eu lembro que o José Carlos foi preso. Eu entrei no dia 22 de novembro no hospital. Dia 23 ele foi preso. Eu lembro da data por causa do hospital. E ele esteve lá no hospital no fim do mês de novembro", contou.

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A reportagem procurou o contador João Muniz Leite e a defesa de Roberto Teixeira. O espaço está aberto.

COM A PALAVRA, LULA

"A responsabilidade sobre os documentos, e sobre a veracidade do que eles atestam, é da pessoa que os assinou. Não há questionamento sobre as assinaturas. A tentativa de transformar os recibos no foco principal da ação é uma clara demonstração de que nem o Ministério Público nem o juízo encontraram qualquer materialidade para sustentar as descabidas acusações formuladas contra Lula em relação aos contratos da Petrobrás."

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