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Repasse de US$ 4,5 mi para conta secreta foi acertado em escritório de operador de propina, afirma mulher de marqueteiro

Mônica Moura contou à Polícia Federal que pagamento feito por Zwi Skornicki, lobista de estaleiro contratado pela Petrobrás, foi por campanha presidencial em Angola, que custou US$ 50 milhões ao todo; US$ 20 milhões pagos por meio de 'contrato de gaveta', segundo ela

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Foto do author Fausto Macedo
Por Fausto Macedo , Ricardo Brandt e enviado especial a Curitiba
Atualização:
 

A mulher e sócia de João Santana, o marqueteiro do PT, Mônica Moura, - ambos presos na Operação Acarajé, 23.ª fase da Lava Jato - declarou à Polícia Federal que o repasse de US$4,5 milhões feitos pelo operador de propinas do estaleiro Keppel Fes, Zwi Skornicki, foi acertado no escritório do lobista, no Brasil, por conta de valores a receber que o casal tinha da campanha eleitoral de José Eduardo Santos, para a presidência de Angola.

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"(Zwi) foi indicado por uma mulher responsável pela área financeira da campanha presidencial de Angola", afirmou Mônica Moura, ouvida na quarta-feira, 24, ao delegado Márcio Anselmo e ao procurador da República Digo Castor de Mattos.

João Santana, Mônica Moura e Zwi Skornicki estão presos em Curitiba, alvos da Lava Jato. O casal de marqueteiros que fez a campanha da presidente Dilma Rousseff (2010 e 2014) e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (2006), é suspeito pelo recebimento de US$ 7,5 milhões de forma irregular de dois alvos do cartel envolvido em corrupção na Petrobrás. Parte - de US$ 4,5 milhões - foi paga pelo lobista do estaleiro Keppel Fels e parte - US$ 3 milhões - pela Odebrecht, apontam os investigadores.

Segundo Monica, o valor recebido de Zwi tem relação com a campanha presidencial de José Eduardo Santos para a presidência, que teve custo total de US$ 50 milhões - mesmo valor citado por João Santana, ouvido na manhã desta quinta-feira, 25, pela força-tarefa da Lava Jato.

Ela disse que esse contrato englobava 'uma pré-campanha, a campanha e uma pós campanha que era uma consultoria para pronunciamentos'.

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Trecho dos dados bancários da conta de passagem nos Estados Unidos da Shellbill Finance, que seria do marqueteiro do PT João Santana/Clique para ampliar Foto: Estadão

Contrato de gaveta. Do valor global do contrato de Angola, US$ 30 milhões foram captados por meio de contrato com a empresa dela e do marido, a Polis Brasil. Os outros US$ 20 milhões, confessou, "foram pagos por meio de um contrato de gaveta, não contabilizado".

Monica comprometeu-se a apresentar o contrato à PF.

Na ocasião, disse, procurou Zwi Skornicki em seu escritório no Brasil e acertaram um pagamento de US$ 4,5 milhões, depositados na conta da Shellbill Finance.

"Não sabe por qual motivo foi feito o pagamento, acreditando que tenha sido por interesse do empresário (Zwi Skornicki) em negócios naquele país (Angola)", relatou.

Monica Moura confirmou o envio de uma carta a Zwi Skornicki, na qual passa orientações para a elaboração do contrato. Ela disse que 'apagou os dados da Klienfeld para não expor tal empresa a Zwi Skornicki'. "Nunca se preocupou em saber qual a área de atuação de Zwi."

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Cópia da carta apreendida com Zwi Skornicki, enviada por Monica Moura, que levou a Lava Jato a investigar recebimentos de João Santana/ Clique para ampliar Foto: Estadão

Campanhas no Brasil. A mulher do marqueteiro do PT negou que pagamentos por ele realizados tenham qualquer relação com campanhas eleitorais no Brasil.

Afirmou que ela e o marido "só atuam no marketing eleitoral e que os principais clientes, no Brasil, são o PT, o PDT e o PMDB".

Monica Moura disse, ainda, que 'deixou de declarar suas contas no exterior pois aguardava a promulgação de eventual lei de repatriação de valores, o que retiraria o caráter ilícito da manutenção da conta na Suíça em nome da Shellbil Finance.'

"Em todas as suas campanhas, não fosse por imposição dos contratantes. preferia que fosse tudo contabilizado."

 Foto: Estadão
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 Foto: Estadão

 

COM A PALAVRA, A ODEBRECHT:

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"A Construtora Norberto Odebrecht desconhece as tratativas mencionadas por Monica Moura em seu depoimento."

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