Por Ricardo Brandt, enviado especial a Curitiba, Mateus Coutinho e Fausto Macedo
O deputado Eduardo Cunha (PMDB/RJ), presidente da Câmara, disse que o doleiro Alberto Youssef "não falou nada diferente do que já tinha falado, nada que ele já não tenha falado antes" - peça central da Operação Lava Jato, o doleiro disse à Justiça Federal nesta quarta feira, 13, que o parlamentar era um dos destinatários finais de uma propina de R$ 4 milhões em contratos de navios-sonda da Petrobrás.
"Qual é a novidade?", questionou Cunha. "Eu soube que o Julio (Camargo, delator da Operação Lava Jato) não confirmou, ele também depôs lá (na Justiça Federal no Paraná). Então, qual é a novidade?".
O doleiro reafirmou sua versão sobre os requerimentos feitos na Câmara supostamente a mando de Eduardo Cunha para pressionar a multinacional Mitsui, que não estaria pagando a propina em 2011, e disse que foi procurado pelo lobista Julio Camargo após estes requerimentos.
"Fui chamado em 2011 pelo Julio Camargo no seu escritório, onde ele se encontrava muito preocupado e me relatou que o Fernando Soares, através do deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), havia pedido alguns requerimentos de informações referentes aos contratos da Mitsui, da Toyo e próprio dele do Julio Camargo, através de outros deputados", relatou o doleiro ao juiz Sérgio Moro, que conduz a Lava Jato.
O presidente da Câmara anotou. "Ele (Youssef) está depondo na Justiça Federal, antes tinha feito depoimento a nível de inquérito e o outro (Julio Camargo) desmentiu também no inquérito. Não vi nenhuma diferença do que ele (Youssef) falou segunda feira na CPI (da Petrobrás)."
"Não estou preocupado", disse Eduardo Cunha. Sobre a denúncia de recebimento de propinas, o peemedebista foi enfático. Ele disse que 'é obvio' que não recebeu dinheiro.