PUBLICIDADE

Foto do(a) blog

Notícias e artigos do mundo do Direito: a rotina da Polícia, Ministério Público e Tribunais

PT na Assembleia de São Paulo dá emprego a acusados por desvios no Museu do Trabalhador

Luiz Alfredo Buso, ex-secretário de Planejamento, e José Cloves, ex-secretário de Obras, ambos da gestão Luiz Marinho, em São Bernardo, foram denunciados pela Procuradoria e estão lotados no Palácio Nove de Julho, sede do Legislativo estadual

Foto do author Luiz Vassallo
Por Luiz Vassallo
Atualização:

Construção do Museu do Trabalho e do Trabalhador FOTO DIVULGAÇÃO Foto: Estadão

Atualizada às 12:11 do dia 15/08/2017

PUBLICIDADE

O deputado estadual Luiz Fernando Teixeira Ferreira (PT-SP), alvo de investigação sob sigilo por suposto caixa dois de R$ 300 mil da Odebrecht, emprega em seu gabinete o ex-secretário de Planejamento e de Obras de São Bernardo do Campo, Luiz Alfredo Buso, denunciado por envolvimento em desvios de R$ 7,9 milhões no âmbito de obras para a construção do Museu do Trabalhador.

O partido na Assembleia Legislativa de São Paulo, que ocupa a 1.ª Secretaria da Casa, ainda abriga outro acusado, o também ex-Secretário de Obras do município da região do ABC paulista, José Cloves da Silva. O presidente da comissão de licitação para a obra do museu, que captou recursos via Lei Rouanet, Mauro Custódio, que chegou a ser investigado, também trabalha na Assembleia apadrinhado pelos petistas.

O Museu do Trabalho e do Trabalhador foi promessa de campanha do ex-prefeito Luiz Marinho (2009-2016), na eleição de 2008.

Publicidade

O prédio abrigaria exposição permanente de temas e objetos relacionados à memória e à história dos trabalhadores de São Bernardo do Campo e da região do ABC. Marinho é alvo de denúncia da Procuradoria da República por suposto desvio de R$ 7,9 milhões na construção do acervo, que dependeu de convênios do Ministério da Cultura e de projetos via Lei Rouanet.

Segundo a Polícia Federal, há indícios de superfaturamento de projetos, subcontratação ilegal de empresas sem licitação e duplicidade de objetos nos projetos de captação. A obra iniciou-se em 2012 e estava prevista para durar 9 meses, mas até hoje não foi concluída.

O Ministério Público Federal considera que o Alfredo Buso e José Cloves fazem parte do núcleo de agentes políticos que atuaram no esquema criminoso responsável pelos desvios na construção do Museu.

Buso foi secretário de Planejamento de São Bernardo entre 2012 e 2016 e é servidor lotado na no gabinete de Teixeira. Cloves foi tesoureiro da campanha de Marinho em 2008 e secretário de Serviços Urbanos entre 2009 e 2012.

A Procuradoria sustenta que Buso viabilizou a contratação direta da Brasil Arquitetura, sem licitação, e ainda teria participado de desvios que chegaram a R$ 1,4 milhão. Já Cloves é acusado de participar de peculato na ordem de R$ 900 mil.

Publicidade

Buso chegou a ser preso temporariamente na Operação Hefasta e Cloves foi alvo de condução coercitiva. No âmbito da Hefasta, que investigou os desvios nas obras do Museu do Trabalhador, Mauro Custódio, assistente legislativo na 1.ª Secretaria, foi conduzido coercitivamente. Ele não é alvo da denúncia da Procuradoria da República.

O deputado Luiz Fernando Teixeira Ferreira empregou Buso em abril deste ano, em seu gabinete, quando o ex-secretário de Planejamento de São Bernardo já era investigado pelos supostos desvios. A denúncia criminal da Procuradoria veio um mês depois.

COM A PALAVRA, O DEPUTADO LUIZ FERNANDO TEIXEIRA FERREIRA, PRIMEIRO SECRETÁRIO DA ASSEMBLEIA

Nota ao Estadão

Em relação às observações do jornal sobre integrantes do meu gabinete e da assessoria da primeira-secretaria da Assembleia Legislativa, cabe ressaltar:

Publicidade

O meu mandato conta com uma assessoria qualificada, com os melhores quadros da minha relação.

Ex-secretário de Planejamento Urbano da Prefeitura de São Bernardo, que também respondeu pela secretaria de Obras, Alfredo Buso é um arquiteto e urbanista com vasta experiência em administração pública, especialmente em trabalhos voltados para a área social. Conheço seu trabalho há 30 anos. Li seu processo e tenho certeza que não prosperará. Ele foi nomeado meu assessor por suas qualificações técnicas e políticas. Sei da sua lisura, da sua honestidade e confio em seu trabalho e inocência. Para tanto, pedi para ele dar expediente na Assembleia Legislativa das 8h às 14h e, quando necessário, me acompanhar em agendas externas.

No dia 15 de março, fui eleito primeiro-secretário da Alesp depois de indicação unânime da bancada do Partido dos Trabalhadores. Após isso, busquei ouvir todos os parlamentares petistas sobre a melhor forma de fazer uma gestão democrática e participativa. Nesse período, a deputada Ana do Carmo me pediu para que mantivesse a nomeação do Dr. José Cloves, advogado, que já fora vereador e secretário de Obras em São Bernardo, nomeado na primeira-secretaria, desde o início do ano. Já o conhecia e sabia de sua competência. Na ocasião, em função dos impedimentos, combinamos dele ajudar a deputada Ana do Carmo, na parte da manhã, e no período da tarde, dar expediente em meu escritório em São Bernardo do Campo.

A primeira-secretaria da Alesp é um órgão administrativo/político e precisa de funcionários capacitados. No intuito de fazer uma gestão responsável, busquei técnicos capacitados, experimentados, como é o caso de Mauro Custódio, que dá expediente na primeira secretaria na parte da tarde, das 14h30 até as 21h/22h, profissional que conheço há mais de 20 anos e confio em seu trabalho. De reputação ilibada, íntegro e de inquestionável honestidade, sequer teve denúncia oferecida contra ele.

Tomei conhecimento do processo em que todos eles são citados e percebi que as denúncias são infundadas, tão sem pé nem cabeça como a delação "premiada" da Odebrech que me envolvia em caixa dois. Espero que a Justiça seja justa e célere, terminando por inocentar estes cidadãos que foram injustamente envolvidos.

Publicidade

Luiz Fernando Teixeira

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.