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Propinas a Cunha em 5 operações do FI-FGTS seriam de ao menos R$ 15,9 mi

Fábio Cleto, ex-vice presidente da Caixa, relatou pagamento de comissões sobre aportes do FI-FGTS em grandes empresas

Por Fabio Fabrini , Fabio Serapião e de Brasília
Atualização:

Da esquerda para a direita: Lúcio Funaro e Eduardo Cunha. Foto: Estadão

Em cinco das 12 operações do Fundo de Investimento do FGTS (FI-FGTS) com grandes empresas, detalhadas pelo ex-vice presidente da Caixa Fábio Cleto em sua delação premiada, as propinas ao presidente afastado da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), somariam ao menos R$ 15,9 milhões. A delação de Cleto foi uma das que embasou a Operação Sépsis, deflagrada nesta manhã com autorização do Supremo Tribunal Federal.

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O achaque do peemedebista, que foi afastado da presidência da Câmara por determinação do Supremo Tribunal Federal e enfrenta um processo de cassação que deve ir a votação no plenário da Câmara em breve, é suspeito de achacar grandes empresas que buscavam financiamento do fundo. Apadrinhado de Cunha na Caixa, Cleto também participava do esquema e recebia uma porcentagem das propinas, que ele admitiu ter somado R$ 5 milhões em uma conta na Suíça, valor que será ressarcido por Cleto em sua delação como multa.

Além dele, o lobista apontado como operador de Cunha Lucio Bolonha Funaro, preso preventivamente na Operação Sépsis, também participava do esquema cobrando os valores das empresas e operacionalizando os pagamentos de propina. Cleto disse em sua delação que não cobrava pessoalmente propina das empresas. A tarefa caberia ao próprio Cunha ou a Funaro, que o teria apresentado ao peemedebista.

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Conforme fonte com acesso às investigações relatou ao Estado, o colaborador contou à Procuradoria-Geral da República (PGR) ter conhecimento de que a comissão de Cunha seria de ao menos 1% numa operação de R$ 940 milhões com a Eldorado, do Grupo J&F, o que equivale a R$ 9,4 milhões. A empresa é alvo de um mandado de busca e apreensão nesta sexta-feira, 1.

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Cleto afirmou, no entanto, acreditar que Cunha cobrava porcentuais até maiores do que admitia nas conversas sobre o esquema. O deputado nega recebimento de vantagem indevida.

Na negociação de R$ 400 milhões com a Brado Logística, segundo Cleto, a comissão teria sido de 0,5% ou R$ 2 milhões.

Outro aporte, para uma subsidiária da OAS, de R$ 386,7 milhões, teria envolvido suborno de 0,3% (R$ 1,16 milhão). O delator detalhou ainda comissão de 1% a Cunha pela emissão de R$ 250 milhões em debêntures pelo FI-FGTS, pleiteada pela OAS para obras no Corredor Raposo Tavares, em São Paulo, e na Concessionária Rota do Atlântico, em Pernambuco. O porcentual corresponde a R$ 2,5 milhões.

Outro caso envolveu suposta cobrança de 1% sobre repasse de R$ 90,5 milhões para a Empresa de Saneamento de Tocantins (Saneatins), controlada pela Odebrecht Ambiental, o que equivale a R$ 905 mil.

COM A PALAVRA, EDUARDO CUNHA:

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"Desconheço o conteúdo da delação, por isso não posso comentar detalhes. Reitero que o cidadão delator foi indicado para cargo na Caixa, pela bancada do PMDB/RJ, com meu apoio, sem que isso signifique concordar com qualquer prática irregular. Desminto, como aliás já desmenti, qualquer recebimento de vantagem indevida. Se ele cometeu irregularidades, que responda por elas. Desafio qualquer um a provar a veracidade dessas delações como também qualquer vinculação, de qualquer natureza, com as contas mencionadas por esses delatores."

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