Foto do(a) blog

Notícias e artigos do mundo do Direito: a rotina da Polícia, Ministério Público e Tribunais

Procuradoria vê lavagem em empréstimo de R$ 250 mil da Cristo em Casa à mulher de Cunha

Força-tarefa da Lava Jato suspeita que transação entre igreja evangélica e Cláudia Cruz abrigou propinas recebidas pelo ex-deputado

PUBLICIDADE

Foto do author Julia Affonso
Por Julia Affonso , Mateus Coutinho , Ricardo Brandt e e Fausto Macedo
Atualização:

Eduardo Cunha (PMDB) e sua mulher Cláudia Cruz. Foto: Dida Sampaio/Estadão

Atualizada em 21 de outubro, às 14h15

PUBLICIDADE

A força-tarefa da Operação Lava Jato identificou um empréstimo de R$ 250 mil da Igreja Evangélica Cristo para a mulher do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ), preso por envolvimento no esquema de corrupção instalado na Petrobrás. No pedido de prisão do peemedebista, a Procuradoria da República, no Paraná, destaca um 'empréstimo simulado com estratagema para lavagem de dinheiro'.

A Igreja Evangélica Cristo pertence ao radialista Oliveira Francisco da Silva, ex-deputado federal e aliado de Cunha.

"A partir da DIRF (Declaração do Imposto de Renda Retido na Fonte) de Cláudia Cruz, identificou-se a declaração de um empréstimo supostamente contraído junto a Francisco Oliveira da Silva, presidente da Igreja Evangélica Cristo de R$ 250 mil no ano de 2008. Contudo, realizada a quebra de sigilo bancário de Cláudia Cruz e de Francisco Oliveira da Silva, não foram identificados relacionamentos financeiros entre as partes", observam os procuradores.

Publicidade

"Ao que tudo indica, Francisco Oliveira da Silva jamais emprestou dinheiro a Cláudia Cruz, sendo lógico que a simulação do contrato de mútuo serviu apenas como uma fraude para dar lastro para o ingresso de recursos espúrios provenientes dos crimes praticados por Eduardo Cunha no patrimônio da investigada", aponta a Lava Jato.

Em depoimento à Lava Jato, em abril deste ano, Cláudia Cruz declarou que conhece Francisco Oliveira da Silva, presidente da Igreja Evangélica Cristo em Casa e que 'nunca teve situação de necessidade financeira'. A mulher de Cunha foi questionada sobre o empréstimo e disse, na ocasião, nada saber 'sobre este fato'.

Eduardo Cunha foi preso na quarta-feira, 19, por ordem do juiz federal Sérgio Moro e a pedido da força-tarefa da Lava Jato. O magistrado mandou capturar preventivamente o ex-deputado, que responde a uma ação penal na 13ª Vara Federal de Curitiba, de titularidade de Sérgio Moro, sob o argumento de 'risco à ordem pública e à instrução penal'.

Cláudia Cruz é ré na Lava Jato. A mulher do peemedebista é acusada de lavagem de dinheiro. Segundo denúncia do Ministério Público, Cláudia teria evadido cerca de US$ 1 milhão por meio de contas secretas no exterior abastecidas por seu marido com dinheiro da corrupção na Petrobrás.

A ÍNTEGRA DA NOTA DA FAMÍLIA DO RADIALISTA

Publicidade

NOTA DE ESCLARECIMENTO

CONTiNUA APÓS PUBLICIDADE

Sobre informação do Ministério Público Federal de que o sr. Francisco Oliveira da Silva haveria feito uma doação, por meio de uma suposta igreja, para a sra. Cláudia Cruz, a família do sr. Francisco esclarece:

1) Não procede a informação de que haveria sido feita alguma doação a sra. Cláudia Cruz por meio de uma igreja em nome do sr. Francisco. A igreja mencionada nas reportagens realmente existiu, mas apenas como razão social sem jamais ter erguido templos ou instituições físicas em seu nome. Fato este que a impediria de realizar ou receber qualquer tipo de doação, fundamentalmente financeira;

2) quanto à suposta doação feita a sra. Cláudia Cruz, a família do sr. Francisco Silva está, com apoio de seu corpo jurídico, rastreando as informações fiscais pertinentes para esclarecer a opinião pública. O fato descrito pela imprensa remonta de 2008, ou seja, oito anos atrás. Sendo assim, a família irá buscar todas as informações necessárias em consonância com a legalidade jurídica pertinaz para que não pairem dúvidas quanto à idoneidade do sr. Francisco Silva, construída ao longo de anos com uma relação transparente e fraternal com o seu público. O sr. Francisco Silva é radialista, evangélico, porém jamais líder religioso e tampouco mantenedor de templos sob o seu comando;

3) com a saúde frágil há mais de seis anos, o sr. Francisco está impossibilitado de se manifestar publicamente sobre o episódio, mas nós, seus familiares, estamos prontos para esclarecer todos os fatos e, se a doação descrita pelas reportagens realmente ocorreu, foi, com certeza, realizada dentro de normas legais e sem nenhum item jurídico que a desaprovasse.

Publicidade

Rio de Janeiro, 20 de outubro de 2016. Ass. Assessoria de Comunicação e Imprensa

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.