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Procuradoria pede inquérito contra Edinho e Delcídio

Investigação tem base na delação premiada do ex-senador envolvendo laboratório farmacêutico; em depoimento, Delcídio afirmou ter recebido do ex-ministro promessa de pagamento de propina

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Foto do author Fausto Macedo
Por Julia Affonso , Mateus Coutinho e Fausto Macedo
Atualização:

Edinho Silva e Delcídio Amaral. Fotos: Estadão Foto: Estadão

O Ministério Público Federal em Brasília requisitou a abertura de inquérito policial para apurar possíveis irregularidades praticadas pelo ex-ministro da Secretaria de Comunicação Social Edson Antônio da Silva, conhecido como Edinho Silva - ex-tesoureiro da campanha da presidente afastada Dilma Rousseff em 2014 -, o Laboratório Farmacêutico EMS S.A e o ex-senador Delcídio Amaral (ex-PT-sem partido-MS). Segundo a Procuradoria da República, o caso é decorrente de informações reveladas por Delcídio em delação premiada no âmbito da Operação Lava Jato.

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O objetivo do inquérito, segundo o Ministério Público Federal, é apurar se houve a prática de crimes como corrupção e lavagem de dinheiro, além do envolvimento de outras empresas ou pessoas físicas.

O caso chegou à Procuradoria da República depois de uma decisão do relator da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF). Ao determinar que a investigação fosse enviada à primeira instância, o ministro Teori Zavascki considerou dois aspectos: a perda da prerrogativa de foro por parte dos envolvidos e o fato de o tema tratado nesta parte da colaboração de Delcídio não possuir relação com as irregularidades apuradas em Curitiba.

Na delação, o ex-senador afirmou ter recebido do ex-ministro - na época, tesoureiro da campanha pela reeleição de Dilma Rousseff - a promessa de pagamento de propina. Ainda, de acordo com a narrativa de Delcídio, o dinheiro a ser usado para quitar contas da campanha tinha como origem a empresa EMS S.A. Em 2014, época dos fatos, Delcídio Amaral disputou o cargo de governador de Mato Grosso do Sul.

A instauração de inquérito policial foi requisitada pelo Ministério Público Federal após analisar os documentos enviados pelo Supremo. No parecer enviado nesta segunda feira, 8, à Justiça Federal, o órgão ministerial solicita à 10.ª Vara Federal a baixa dos autos à Polícia Federal. Com isso, a investigação passará a ser conduzida de forma conjunta entre Ministério Público Federal e Polícia Federal.

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Ainda na requisição, o Ministério Público Federal esclarece que a Procuradoria-Geral da República já havia se manifestado pela abertura do inquérito, quando o caso ainda estava no Supremo, e que, embora Edinho Silva e a empresa tenham negado a participação nas irregularidades, os indícios reunidos até o momento justificam a continuidade da investigação.

COM A PALAVRA, A ADVOGADA MAÍRA SALOMI, QUE DEFENDE EDINHO:

"Embora não haja elementos concretos que justifiquem a abertura de um inquérito, Edinho Silva é favorável à apuração de todos os fatos com relação à sua atuação na campanha Dilma 2014. Como coordenador financeiro, Edinho sempre agiu de maneira ética, correta e dentro da legalidade. As afirmações do ex-senador Delcídio do Amaral não condizem com a verdade. Edinho jamais orientou o senador a "esquentar" doações, e jamais manteve contato com as mencionadas empresas, antes ou durante a campanha eleitoral. As doações para a campanha de Dilma Rousseff em 2014 estão todas declaradas ao Tribunal Superior Eleitoral, bem como seus fornecedores. As contas da campanha foram todas aprovadas por unanimidade pelos ministros do TSE."

Maíra Salomi Advogada

COM A PALAVRA, A EMS:

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Em relação ao pedido de inquérito do Ministério Público Federal em Brasília (MPF/DF) para apurar possíveis irregularidades mencionadas em delação premiada do ex-senador Delcídio do Amaral, a EMS informa que nunca firmou contratos com as empresas citadas no depoimento e não teve qualquer participação no financiamento da campanha. A EMS apoia a apuração dos fatos pelas autoridades competentes para que o caso seja esclarecido.

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