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Procuradoria denuncia 36 por fraudes de R$ 7,3 milhões em bolsas na UFPR

Recursos que deveriam ser destinados a pesquisa foram parar nas contas de pessoas sem relação com a universidade, segundo Ministério Público Federal

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Foto do author Luiz Vassallo
Por Mateus Coutinho , Julia Affonso e Luiz Vassallo
Atualização:

Fachada da UFPR, em Curitiba. Foto: Marcos Solivan/Divulgação

O Ministério Público Federal no Paraná (MPF-PR) denunciou nesta terça-feira, 21,36 pessoas envolvidas no esquema de desvio de dinheiro de bolsas de pesquisa da Universidade Federal do Paraná (UFPR) revelados pela Operação Research, deflagrada em fevereiro. Segundo a denúncia, os envolvidos teriam desviado entre março de 2013 e outubro de 2016 ao menos R$ 7,3 milhões que deveriam ser destinados a pesquisa, mas foram para pessoas sem relação com a universidade.

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As informações foram divulgadas nesta noite pelo Ministério Público Federal no Paraná.

Segundo a Procuradoria da República, as investigações apontaram indícios concretos dos crimes de associação criminosa, peculato (desvio de dinheiro), peculato culposo e lavagem de dinheiro nos pagamentos feitos a título de auxílio a pesquisadores, bolsas de estudo no País e no exterior a diversas pessoas que não tinham vínculo com a UFPR.

Os recursos desviados, segundo o MPF, eram referentes a bolsas do programa de Pró-Reitoria de Pós Graduação e Pesquisa (PRPPG) da UFPR.

A apuração apontou que o grupo utilizava nomes e CPF's de 27 pessoas que fossem de confiança das servidoras da UFPR, afastadas na Operação Research, responsáveis pelo esquema para que elas passassem a figurar como bolsistas da instituição de Ensino Superior. Posteriormente, aponta a acusação, essas pessoas iam ao banco e "sacavam os valores ilicitamente creditados em suas contas, para repassá-los às articuladoras das fraudes", segundo a nota divulgada nesta noite pela Procuradoria da República no Paraná.

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A investigação indicou ainda que, para estes 27 bolsistas, não havia processos administrativos de concessão dessas bolsas, somente processos de pagamentos que, diferentemente dos casos de auxílios e bolsas regulares, "impressionavam pela singeleza e eram basicamente compostos, tão somente, pela autorização de empenho e a correspondente ordem bancária, sem constar qualquer referência ao projeto em desenvolvimento que justificasse o respectivo pagamento e a natureza do vínculo entre a UFPR e o beneficiário (docente, servidor ou aluno)", diz a nota do MPF.

COM A PALAVRA, A UFPR

A respeito da denúncia oferecida pelo Ministério Público com base no inquérito que apura desvios de recursos de bolsas e auxílios, a Universidade Federal do Paraná reitera a postura de defesa intransigente do princípio da presunção da inocência e expressa sua confiança na decisão da Justiça, que haverá de responsabilizar adequadamente os verdadeiros culpados pelas fraudes.

A UFPR foi vítima de um esquema criminoso, aparentemente montado por servidoras públicas que, valendo-se dos longos anos de trabalho na mesma área, abusaram da confiança de seus superiores hierárquicos na Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação. A denúncia oferecida pelo MPF e o relatório da Polícia Federal apresentam respostas diferentes em relação aos professores Edilson Sérgio Silveira (à época pró-reitor de Pesquisa e Pós-Graduação) e Graciela Bolzón de Muniz (ex- diretora de pesquisa na mesma pró-reitoria e hoje vice-reitora). Dada a contradição nos pareceres, aguardamos o resultado judicial.

A UFPR espera que a justiça seja feita e que o prejuízo causado à universidade seja ressarcido pelas servidoras envolvidas no esquema. Ao mesmo tempo, trabalha para corrigir falhas nos processos de pagamento de bolsas e auxílios e ampliar os mecanismos de controle e transparência.

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