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Procuradoria denuncia 16 por fraudes de R$ 14 mi na Previdência

Operação Sepulcro Caiado pegou organização que atuava pelo menos desde 2004 para obter benefícios fraudulentos; grupo tinha 'clara definição de tarefas e participação de servidores públicos, despachantes, intermediadores, falsificadores'

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Foto do author Luiz Vassallo
Por Julia Affonso e Luiz Vassallo
Atualização:
 Foto: Estadão

As informações foram divulgadas pelo Ministério Público Federal no Rio - Processo 0065554-77.2018.4.02.5101.

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Segundo a denúncia, a organização criminosa estava estruturada para a prática de crimes contra a Previdência e tinha clara divisão de tarefas e a participação de servidores públicos, despachantes, intermediadores, falsificadores, 'todos reunidos para a prática de crimes relacionados à obtenção indevida de benefícios previdenciários e valores decorrentes de empréstimos consignados realizados após a concessão de tais benefícios'.

Segundo a acusação, 'o grupo era liderado por Rafael Oliveira Belarmino e Vilma Regina Braga Macedo, que orientavam os demais integrantes da organização'.

Além da criação de 'fantasmas', as fraudes passavam pela falsificação de documentos de identidade, comprovantes de residência, certidões de óbito e contratos de união estável, e ainda pela inserção de vínculos falsos por meio de GFIPs (Guia de Recolhimento do FGTS e de Informações à Previdência Social) extemporâneas.

A Procuradoria sustenta que ao menos entre os anos de 2004 e 2018, 'a quadrilha arregimentou pessoas interessadas em obter benefícios previdenciários aos quais não faziam jus'.

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"Além disso, os criminosos se dedicaram principalmente a criar pessoas inexistentes, 'fantasmas' que passavam a ser utilizados pelo grupo criminoso não só para a obtenção de benefícios previdenciários, mas também para abertura de contas bancárias, contratação de empréstimos consignados, contratação de serviço telefônico móvel, em nome do 'fantasma' para evitar identificação, dentre outros."

A Operação Sepulcro Caiado identificou inúmeros 'fantasmas' para figurar como requerentes de benefícios fraudulentos ou para viabilizar a obtenção indevida de benefícios de pensão por morte. Os 'fantasmas' constavam como instituidores do benefício, 'simulando-se, assim, união estável entre o requerente e o instituidor por meio de contratos ideologicamente falsos'.

"Mostrava-se essencial ainda a cooptação de servidores públicos do INSS, uma vez que, por mais sofisticada que fosse a técnica adotada pela quadrilha, ainda assim a maioria esmagadora dos casos seria percebida pelo servidor responsável pela concessão do benefício, razão pela qual se fazia necessária a colaboração de tais servidores", afirma a Procuradoria.

"Nos casos de vínculos falsos inseridos por meio de GFIPs extemporâneas, por exemplo, o sistema do INSS alerta para tal circunstância e impõe a realização de pesquisa para que seja verificada a veracidade de tal vínculo antes de realizar a concessão de qualquer benefício, sendo que os servidores que colaboravam com a organização criminosa simplesmente inseriam no sistema a informação falsa de que a pesquisa fora realizada, embora absolutamente nada tenha sido feito", analisa o procurador da República Rafael Barretto, autor da denúncia.

A reportagem está tentando localizar a defesa de Rafael Oliveira Belarmino e Vilma Regina Braga Macedo. O espaço está aberto para manifestação.

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