A denúncia do Ministério Público Federal aponta que, em troca do socorro prestado ao PT, o Grupo Schahin teria sido contemplado com um contrato sem licitação de US$ 1,6 bilhão para operar o navio-sonda Vitória 10000, em 2009. A Procuradoria pede a condenação dos nove investigados.
Nas alegações finais, os procuradores pediram ainda um 'valor mínimo para reparação do dano' de R$ 53,5 milhões. Segundo a força-tarefa, o recurso seria correspondente ao valor atualizado pelos juros da quitação do empréstimo de Bumlai 'oferecido como contrapartida pelo contrato de operação do navio-sonda Vitoria 10.000, acrescido do montante de propina oferecida ao ex-gerente da Petrobrás ( US$ 1 milhão).
Bumlai foi preso preventivamente na Operação Passe Livre, em 24 de novembro de 2015. Após descobrir um câncer, o pecuarista recebeu autorização para se tratar em um hospital.
O pecuarista é acusado por lavagem de dinheiro, gestão fraudulenta e corrupção.
Na mesma ação, também são acusados Salim Schahin, Milton Schahin e Fernando Schahin - todos por corrupção ativa -, os três ligados ao banco Schahin, os ex-diretores da área Internacional da Petrobrás Nestor Cerveró e Jorge Luiz Zelada - estes por corrupção passiva -, o operador de propinas Fernando Falcão Soares, o Fernando Baiano, o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto - estes dois também por corrupção passiva - e o filho de Bumlai, Mauricio Bumlai, indiciado por lavagem de dinheiro.
Os crimes de lavagem de dinheiro e gestão fraudulenta de instituição financeira também são imputados ao empresário Salim Schahin e ao filho de José Carlos Bumlai.
O Ministério Público Federal pediu absolvição de Maurício Bumlai do crime de corrupção. Também pede a 'suspensão do feito' contra Eduardo Musa, pela delação premiada por ele realizada.
COM A PALAVRA, A ADVOGADA DANIELLA MEGGIOLARO, DEFENSORA DE JOSÉ CARLOS BUMLAI
A advogada Daniella Meggiolaro, que representa o pecuarista José Carlos Bumlai, disse que a defesa vai sustentar a versão de que o amigo do ex-presidente Lula não cometeu nenhum dos crimes atribuídos a ele pelo Ministério Público Federal.
Em alegações finais, a Procuradoria pede a condenação de Bumlai por corrupção passiva, lavagem de dinheiro e gestão fraudulenta de instituição financeira.
Daniella Meggiolaro é categórica. "O sr. Bumlai não foi corrompido porque não é agente público. Atribuem a ele corrupção passiva, isso é surreal, não se beneficiou desse dinheiro (os R$ 12 milhões do Banco Schahin). Como pode cometer gestão fraudulenta se nunca foi gestor de banco? Lavagem não faz nenhum sentido. O próprio juiz Sérgio Moro observou que não vislumbrava (lavagem)."
"Não ocorreu nenhum dos crimes que o Ministério Público Federal sustenta ter ocorrido", afirma Daniella Meggiolaro. "Vamos sustentar na nossa peça (memoriais) que não ocorreu nenhum desses crimes pelos quais o sr. Bumlai é acusado. Vamos apresentar nossos memoriais depois que a Petrobrás apresentar os dela. Ainda não foi aberto prazo para a defesa."
Sobre os R$ 53 milhões que a Procuradoria da República cobra de Bumlai e de outros oito denunciados na ação penal da Operação Passe Livre, desdobramento da Lava Jato, a advogada protesta. "O sr. Bumlai é o único que teve os bens bloqueados. Ele está com todos os bens bloqueados. Uma incongruência."