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Procuradoria acusa russos por lavagem de R$ 7 milhões em moeda venezuelana

MPF no Amazonas denunciou quatro também por associação criminosa; Embaixada da Rússia questionou governo brasileiro sobre supostas 'violações dos direitos e garantias' dos investigados

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Por Julia Affonso e Mateus Coutinho
Atualização:

 

 

Procuradoria da República no Amazonas. Foto: Reprodução

O Ministério Público Federal no Amazonas denunciou quatro cidadãos russos pelos crimes de lavagem de dinheiro e associação criminosa.

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Segundo a denúncia, distribuída para a 2.ª Vara Federal no Amazonas (número 0011856-37.2016.4.01.3200), o grupo atuou no período de dezembro de 2015 a julho de 2016, 'de forma organizada e planejada, viajando periodicamente à Venezuela para comprar no câmbio negro milhões de bolívares venezuelanos para levá-los à Europa sem declaração adequada de valores à Receita Federal Brasileira'.

A Secretaria de Cooperação Internacional (SCI) da Procuradoria-Geral da República atuou no caso porque a Embaixada da Rússia apresentou ao Ministério das Relações Exteriores (MRE) questionamentos sobre supostas violações dos direitos e garantias fundamentais dos nacionais russos durante a fase do inquérito policial e a fase processual.

Relações Exteriores pediu informações à PGR para esclarecer os fatos, informar o atual estágio de tramitação dos processos e as condições em que os russos estariam submetidos.

As investigações que levaram à prisão dos russos mostraram que o grupo movimentava e transportava os valores de forma clandestina e ilegal, sem qualquer registro pelo sistema bancário oficial, ocultando assim a origem e os reais proprietários do dinheiro.

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O Brasil era usado como rota para a movimentação do dinheiro.

As prisões em flagrante ocorreram em dois momentos distintos. No final de junho, dois russos foram presos quando embarcavam no aeroporto de Manaus com destino a Helsinque, Finlândia, com quatro malas contendo 7,35 milhões de bolívares venezuelanos adquiridos ilegalmente.

Dias depois, a polícia encontrou outros dois integrantes do grupo, hospedados em um hotel de luxo na zona oeste de Manaus. Com eles foram encontrados mais 14,17 milhões em moeda venezuelana, que também seriam levados para a Europa.

O total dos valores apreendidos em moeda estrangeira equivale a R$ 7.069.135,61.

Segundo as investigações, é possível que a moeda seja destinada à falsificação de dólares e euros, porque o papel-moeda dos bolívares venezuelanos é de excelente qualidade e as cédulas de cem bolívares são quase do mesmo tamanho das de cem dólares.

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Uma segunda hipótese seria a de que, após branqueamento do capital, a moeda seja utilizada para revenda em câmbio oficial por valor superior ao que foi adquirida no câmbio negro venezuelano ou, ainda, que seja utilizada para a lavagem de dinheiro de outros crimes.

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Sobre os questionamentos da embaixada russa, o Ministério Público Federal destacou à Secretaria de Cooperação Internacional que as prisões em flagrante de todos os quatro russos foram legais, mediante parecer fundamentado dos procuradores e homologação pela Justiça Federal.

Depois, após contato pessoal com os investigados em audiência de custódia e mediante a imposição de medidas cautelares diversas da prisão, foi concedida a eles a liberdade provisória.

Sobre as alegações de ofensas físicas, morais e violações de outros direitos, a Procuradoria da República no Amazonas informou que 'nenhum dos denunciados, apesar de bem assistidos inicialmente por advogado particular e depois por representante da Defensoria Pública da União, apresentaram aos procuradores ou nos respectivos autos judiciais qualquer notícia nesse sentido'.

 

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