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Procuradores criticam 'imaginações' de ministro-chefe da AGU

Em nota, duas entidades de classe se rebelam contra Luís Adams que atribuiu à força tarefa da Lava Jato ameaças a empreiteiras para se obter delações premiadas

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Por Redação
Atualização:

Por Fausto Macedo, Julia Affonso e Ricardo Brandt, enviado especial a Curitiba

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Duas importantes entidades de classe dos procuradores da República e dos procuradores de Contas repudiaram nesta sexta feira, 27, em nota conjunta, declarações do advogado-geral da União (AGU), Luís Inácio Adams, que criticou o trabalho da força tarefa da Operação Lava Jato. Em alusão aos procuradores federais que investigam o escândalo de corrupção e cartel de empreiteiras na Petrobrás, Adams afirmou que "aparentemente, se quer a ameaça de fechar a empresa para obter a delação".

O ministro da AGU se refere às empreiteiras que são alvo da Lava Jato por suspeita de cartelização na Petrobrás. O chefe da AGU fez tal afirmação em entrevistas a jornais.

"Não me parece correto. Agora, com todo o respeito à Operação (Lava Jato), que tem um mérito enorme, mas isso não é justificativa para tudo, não é justificativa para forçar o fechamento de empresas que estejam dispostas a ressarcir o País, a colaborar e aprofundar a investigação e a adotar práticas para evitar a corrupção", afirmou Adams.

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Luís Inácio Adams. Foto: André Dusek/Estadão.

Na nota divulgada nesta sexta feira, a Associação Nacional de Procuradores da República (ANPR) e a Associação Nacional do Ministério Público de Contas (Ampcon) "deploram as recentes afirmações do advogado-geral da União, Luís Inácio Adams."

Segundo as entidades, o ministro Adams "na fronteira do quanto se espera de quem deve prioritariamente zelar pelos interesses da União, notoriamente afrontados pela prática de corrupção afirmou que empreiteiras estariam sendo 'ameaçadas' para celebrarem acordos de leniência". Os procuradores destacam que na mesma entrevista Adams criticou a ação do Ministério Público Federal de querer celebrar tais acordos obrigatoriamente no bojo da instituição. "Ao externar essas imaginações, fica óbvio que o ministro Adams assume um protagonismo a que nem mesmo os advogados privados das empreiteiras e dos presos na operação se propuseram."

"Sucede que o Ministério Público Federal foi, desde o início, procurado por diversos investigados e presos no caso Lava Jato e, nestas circunstâncias, esclareceu e fixou condições, que observam estritamente o que exige a Lei", argumenta a nota das entidades, subscrita pelo procurador regional da República Alexandre Camanho de Assis e pelo presidente da Associação dos Procuradores de Contas, Diogo Roberto Ringenberg.

Alexandre Camanho. Foto: Divulgação.

"As ameaças, de fato, antevistas são outras: as que buscam violar a Lei Anticorrupção, sem reparação integral do dano, em prejuízo à União", alertam os procuradores. Camanho e Ringenberg sustentam que as duas entidades que presidem "reafirmam a total confiança em todos os procuradores da República que se dedicam diária e incessantemente à Operação Lava Jato, cientes de sua importância para o aprimoramento efetivo das instituições e da real probidade da Administração Pública".

 

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