Por Andreza Matais, de Brasília
Investigado na nona fase da Operação Lava Jato, batizada My Way, o advogado Atan de Azevedo Barbosa, 76, pagou fiança de R$ 25 mil para deixar a prisão nesta sexta-feira, 5. Ele era alvo de mandados de condução coercitiva e busca e apreensão, mas passou a noite na superintendência da PF, no Rio de Janeiro, porque os policiais encontraram na casa dele munição sem que tivesse autorização para portá-las.
Funcionário aposentado da Petrobrás, Barbosa é primo de primeiro grau do ex-ministro Nelson Jobim, que presidiu o Supremo Tribunal Federal (2004/2006). Ao Estado, Jobim confirmou o parentesco, mas disse que preferia não comentar o assunto.
Conforme o Ministério Público, o advogado atuou no esquema como operador financeiro da empresa Iesa Óleo e Gás pagando "propinas referentes aos contratos por ela firmados com a estatal". Segundo os investigadores, Barbosa também dava uma quantia mensal para o ex-gerente-executivo da Petrobrás e delator do esquema de corrupção, Pedro Barusco, no valor de US$ 29 mil, pelos contratos firmados entre a Iesa e a Petrobrás.
Os pagamentos mensais eram feitos por meio da offshore Heatherley Business Ltd., mantida por Barbosa no banco Clariden Leu AG, na Suíça, na conta da offshore Reha Comercial Inc., no banco Safra, também na Suíça. Foram feitas transações que totalizaram US$ 1,97 milhão, conforme os investigadores.
COM A PALAVRA, ATAN BARBOSA.
Atan Barbosa afirmou ao Estado que a munição apreendida em sua casa pertencia ao seu pai, já morto. "Expliquei para a Polícia Federal e eles me liberaram após pagar a fiança. Disse que meu pai tinha armas e munições. Eu já me desfiz das armas, mas ficaram as munições que têm 30, 40 anos. Será feita uma perícia e vamos ver o que vai dar.", ele declarou. Sobre a acusação de ser operador na Petrobrás, Barbosa afirmou: "Não sei porque o Pedro Barusco me colocou na brincadeira. Eu ignoro porque ele fez isso."