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Primo de Aécio viajou de SP a BH de táxi com R$ 500 mil de propina da JBS, diz delator

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Por Fabio Leite , Fabio Fabrini , Fabio Serapião e Beatriz Bulla
Atualização:
Aécio Neves. Foto: Dida Sampaio/Estadão

O diretor de Relações Institucionais e de Governo da JBS, Ricardo Saud, relatou ao Ministério Público Federal que o primo do senador afastado Aécio Neves (PSDB) levou de táxi R$ 500 mil de propina supostamente destinada ao tucano da sede da empresa, em São Paulo, até Belo Horizonte. Frederico Pacheco de Medeiros, o Fred, foi preso nesta quinta-feira, 18, no âmbito da Operação Patmos, desdobramento da Lava Jato.

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"Entregamos R$ 500 mil para o Fred, tudo em dinheiro vivo, em notas de R$ 100. Ele pegou o táxi e voltou para Belo Horizonte", afirmou Saud, um dos sete delatores da JBS a fechar acordo de delação premiada com a Procuradoria. Segundo ele, o pagamento foi feito no dia 5 de abril deste ano em sua sala, no 3.º andar do prédio-sede da JBS em São Paulo, na Marginal Tietê, na Vila Jaguara, zona oeste da capital paulista.

Foi Saud quem disse aos procuradores que a JBS pagou cerca de R$ 80 milhões a Aécio na campanha presidencial de 2014, na qual ele foi derrotado pela ex-presidente Dilma Rousseff (PT). De acordo com o delator, o tucano 'continuou pedindo dinheiro' após as eleições e um dos donos da JBS, Joesley Batista, 'corria dele'. Diante da insistência de Aécio, ainda segundo Saud, Joesleu aceitou pagar R$ 2 milhões que o senador afastado havia solicitado alegando que precisava pagar dois advogados.

Os pagamentos, segundo o delator, foi dividido em quatro parcelas de R$ 500 mil. A primeira foi recolhida na quarta-feira, 5 de abril, pelo primo do senador na sede da JBS, quando ele teria ido de avião de Belo Horizonte a São Paulo receber o dinheiro e voltado com a propina com um taxista de confiança até a capital mineira. A negociação desse pagamento ocorreu diretamente entre Aécio e Joesley, que gravou a conversa e entregou os áudios ao Ministério Público Federal.

COM A PALAVRA, AÉCIO NEVES

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NOTA À IMPRENSA

Não existe qualquer ato do senador Aécio Neves, como parlamentar ou presidente do PSDB, que possa ter colocado qualquer empecilho aos avanços da Operação Lava Jato. Ao contrário, como presidente do partido, o senador foi um dos primeiros a hipotecar apoio à operação.

Manifestar posições em relação a propostas legislativas é algo inerente à atividade parlamentar, o que possibilitou inclusive a introdução no texto sobre abuso de autoridade de sugestões feitas tanto pelo senhor procurador-geral, como pelo juiz Sérgio Moro, a exemplo da retirada do texto do chamado crime de hermenêutica, de cujo entendimento o senador participou intensamente.

Em relação aos comentários feitos em conversa privada sobre delegados da Lava Jato, o senador emitiu uma opinião em face da demora da conclusão de alguns inquéritos.

O senador Aécio Neves jamais agiu ou conversou com quem quer que seja no sentido de criar qualquer tipo de empecilho à Operação Lava Jato ou à Polícia Federal, que sempre teve seu trabalho e autonomia apoiados pelo senador em suas agendas legislativas, e também como dirigente partidário.

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Fato que pode ser verificado nas diversas oportunidades em que ele se pronunciou publicamente em apoio à instituição e na defesa no Orçamento da União da garantia dos recursos necessários para o cumprimento das atividades de polícia.

Assessoria do senador Aécio Neves

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