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Presidente da Câmara recebeu propinas no esquema da Petrobrás, diz doleiro da Lava Jato

Procurador-Geral da República pediu inquérito contra Eduardo Cunha com base em relato de Alberto Youssef; deputado teria recebido valores via Fernando Baiano, lobista do PMDB na estatal

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Por Redação
Atualização:

Atualizada às 00h36

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Por Julia Affonso, Ricardo Brandt e Fausto Macedo

No pedido de instauração de inquérito contra o presidente da Câmara, deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, citou um trecho da delação premiada do doleiro Alberto Youssef, personagem central da Operação Lava Jato. No documento, Youssef afirma que Cunha era beneficiário do esquema de corrupção e propina da Petrobrás, desbaratado pela força-tarefa.

Cunha teria recebido valores por meio do lobista Fernando Falcão Soares, o Fernando Baiano, elo do PMDB na Diretoria de Internacional da Petrobrás, na gestão de Nestor Cerveró - ambos, Baiano e Cerveró estão presos na Custódia da Polícia Federal em Curitiba, base da Lava Jato. Baiano é muito próximo do presidente da Câmara. Segundo o doleiro Alberto Youssef, delator da Lava Jato, a propina para Cunha teve origem na contratação de navios sondas da Petrobrás, em 2006 e 2007.

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Os valores eram repassados pelo lobista Julio Camargo, consultor de uma empreiteira que também fez delação premiada. Ele afirmou que Cerveró recebeu US$ 30 milhões em propinas no capítulo dos navios sondas. Os repasses eram feitos via Fernando Baiano, mas, segundo o doleiro, houve um momento em que os pagamentos foram interrompidos.

O procurador-geral da República transcreveu trechos do relato do doleiro delator. "Que Eduardo Cunha, por conta disto, realizou uma representação perante uma comissão na Câmara dos Deputados, e nela pediu informações junto à Petrobrás acerca da Mitsue, Toyo e Julio Camargo; Que requisitou que tais informações fossem prestadas, sendo que na realidade isso foi um subterfúgio para fazer pressão em Julio Camargo a fim de que este voltasse a efetivar os pagamentos a Fernando Soares que, por sua vez, os repassaria ao PMDB."

"Embora não tenha como precisar neste momento se os valores mencionados nos termos em questão foram entregues diretamente ao deputado federal Eduardo Cunha, fato é que o colaborador Alberto Youssef reiterou, e com razoável detalhamento, que Eduardo Cunha era beneficiário dos recursos e que participou de procedimentos como forma de pressionar o restabelecimento do repasse dos valores que havia sido suspenso, em determinado momento, por Júlio Camargo", diz a petição assinada por Janot.

Segundo o doleiro, para viabilizar a assinatura de contrato com a Samsung foi designado a Julio Camargo que ele repassasse para o PMDB valores que não foram precisados. "A quantia, diz Youssef, se destinava a pagamento de vantagem indevida a integrantes do partido PMDB, notadamente o deputado federal Eduardo Cunha, bem como em favor de Paulo Roberto Costa (ex-diretor de Abastecimento da estatal)."

"Para gerar tal valor, Julio Camargo, agindo como broker em tal operação, inclusive respaldado em contrato firmado entre ele e a Samsung, passou a repassar valores a Fernando Soares, conhecido por Fernando Baiano", conta Youssef. "Fernando Soares representava o deputado Eduardo Cunha, do PMDB; que afirma que Fernando Soares "representava" o PMDB no âmbito da Petrobrás, isto é, era o operador do PMDB tal qual o declarante era o operador do PP."

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Youssef disse ainda que Fernando Baiano viabilizava recursos em espécie para pagamentos de propinas e formação de caixa dois, desde 2004. Perguntado o que sabia do operador do PMDB, o doleiro disse que foi Baiano quem fez a "junção" do PMDB, tanto da Câmara Federal quanto do Senado Federal.

COM A PALAVRA, EDUARDO CUNHA.

Pelo Facebook, o deputado fez uma declaração sobre o pedido de instauração de inquérito contra ele.

"A confirmação de que o PGR (Procurador-Geral da República, Rodrigo Janot) pediu abertura de inquérito contra mim merecerá a devida resposta assim que eu tiver conhecimento do conteúdo."

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