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Por delação e liberdade, Palocci deixa seu advogado de confiança para negociar com Lava Jato

José Roberto Batochio, criminalista há cinquenta anos, não aceita patrocínio de causas com colaboração premiada e passa procuração a profissionais de Curitiba, onde ex-ministro de Lula e Dilma está preso desde setembro de 2016

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Por Fausto Macedo , Julia Affonso e Ricardo Brandt
Atualização:

Antonio Palocci. Foto: Rodolfo Buhrer/Reuters

O ex-ministro Antonio Palocci (Fazenda e Casa Civil/Governos Lula e Dilma) decidiu fazer delação premiada. Nesta sexta-feira, diante da promessa de que 'muito em breve' poderá ganhar a liberdade, ele comunicou seu advogado de confiança, o veterano criminalista José Roberto Batochio, que não precisa mais de sua assistência.

Palocci está preso desde setembro de 2016.

Nesta sexta-feira, 12, a jornalista Vera Magalhães, do Estado, adiantou que a Operação Bullish, deflagrada pela Polícia Federal, teve peso decisivo para Palocci, enfim, fazer delação premiada. O ex-ministro é investigado na Bullish, que apura fraudes no financiamento do BNDES à JBS.

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Ele teria comunicado a Batochio que a saída dele da causa foi uma 'primeira exigência' da força-tarefa da Lava Jato. Batochio, 'por princípio', não defende clientes que fazem delação premiada. Nos últimos meses, o criminalista tem travado um embate tenso com os procuradores do Ministério Público Federal e não desiste de tentar habeas corpus para o ex-ministro no Supremo Tribunal Federal.

Em abril, quando foi interrogado pelo juiz Sérgio Moro na ação penal em que é réu pelo suposto recebimento de R$ 128 milhões em propinas da empreiteira Odebrecht - parte do valor teria sido destinado ao PT -, Palocci acenou claramente com a possibilidade de fazer delação. Na ocasião, ele disse ao juiz que tinha informações importantes a revelar que podem esticar por mais um ano, pelo menos, os trabalhos da Lava Jato.

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Batochio defende Palocci há dez anos. Nesse período conseguiu 12 absolvições do ex-ministro, como no episódio do caseiro Francenildo e na investigação sobre tomate com ervilhas da merenda escolar de Ribeirão Preto, município do qual o petista foi prefeito.

"Palocci não resistiu ao sofrimento psicológico que lhe foi imposto em Guantánamo meridional", declarou Batochio, referindo-se ao presídio onde o ex-ministro se encontra, nos arredores de Curitiba.

Em nota, o escritório José Roberto Batochio Advogados Associados confirmou que Palocci deu início à delação premiada com a força-tarefa da Operação Lava Jato. A nota destaca que Batochio deixou a defesa do ex-ministro em duas ações penais no âmbito da 13.ª Vara Federal Criminal de Curitiba, sob tutela do juiz Sérgio Moro.

LEIA A NOTA

"O escritório José Roberto Batochio Advogados Associados deixa hoje o patrocínio da defesa de Antonio Palocci em dois processos que contra este são promovidos perante o juízo da 13.ª Vara Federal de Curitiba, em razão de o ex-ministro haver iniciado tratativas para celebração do pacto de delação premiada com a Força Tarefa Lava-Jato, espécie de estratégia de defesa que os advogados da referida banca não aceitam em nenhuma das causas sob seus cuidados profissionais."

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